CARTA ABERTA “Ó” ANDRÉ
O pior governo é o mais moral.
Um governo composto de
cínicos
é frequentemente mais
tolerante e humano.
Mas, quando os fanáticos tomam o poder,
não há limite para a
opressão.
(Henry Louis Mencken)
CARTA ABERTA “Ó” ANDRÉ
Com
todo o respeito que me merece, permita-me que o trate com esta parcimónia, que
bem pode entender mais como um “afago paternal”, do que um abuso inclemente de
simples parvoíce minha.
Porque
a vontade assim ordena, vou consagrar uns minutos para desarriscar alguns pensamentos
que pululam na minha já atulhada e desgastada massa cinzenta, o miolo da minha
caixa craniana e residência do meu critério. Para que tal aconteça, é indispensável
a divulgação dos mesmos.
Sinto
necessidade extrema de aliviar a minha flatulência psicológica que me está a
causar endiabrado frenesim.
Não
é propósito meu; contudo, se algum incontido desvio menos próprio houver da
minha parte, conto que a minha contrição seja acolhida pela sua (do André)
indulgência, que creio existir, apesar da manifesta austeridade que faz questão
de exibir – ou tal aparenta.
Ora
bem.
Tenho
vindo a observar, no decorrer de todos os momentos em que as suas peculiares
garras cortantes da persistência, tem investido na quase inesgotável producção
salivar que as suas glândulas segregam, em dissertações, conferências e
debates, defendendo, é certo que, com uma conspecção idealista, um novo rumo no
norteamento da política portuguesa. Na verdade, ela disso está carenciada. O
que duvido é da aferição da bússola que irá usar, porque, como escreveu Luís de
Camões, “outros valores mais altos se alevantam” – neste
caso, não sei quais, mas o seu oráculo tanto pode conter algo de verdade como de
convicta demagogia, amparada por interesses paralelos.
As
razões que o André apresenta, suportadas por fundamentos lógicos e quiçá,
alguns deles constatáveis, – ainda que um pouco empolados com algum pretensiosismo
– eu não desejo usurpar de maneira alguma. Tão só e apenas dizer-lhe, que, (já
sei que não lhe ensino nada de novo), a função de Presidente da República, pelo
menos em Portugal, não é, GOVERNAR. É sim, em representação
do povo português, cumprir e empenhar-se na observância e obediência das normas
registadas na Constituição Portuguesa e promulgar ou vetar, tomadas de posição
em forma de leis, provindas do Governo, e dissolvê-lo, caso existam razões para
tal.
Eu
sei que o André percebe isso
de cor e salteado, mas às vezes a conveniência que nos fustiga a mente, entorta
os conceitos à nossa feição.
O
que tenho reparado, não só nas suas dissertações, mas nas de todos os seus
antagonistas, adversários, concorrentes ou que queira chamar-lhes, (menos um,
que já tem o triunfo assegurado à partida), é que têm feito elocuções mais
direccionadas à governação do que à presidência.
Visto
que o André,
sem dúvida alguma, é o mais aguerrido batalhador nesta “guerrilha” de poleiro,
e aquele que mais se afirma como um salvador do povo português, através das
suas intervenções de cariz “messiânico” (não quero dizer que os outros não o
saibam fazer!? Mas não possuem a sua garra nem fluidez nas palavras que botam
cá p’ra fora), é ao André, como “principal”
elemento da contenda, que faço questão em endereçar esta carta aberta que, por
osmose, é também dirigida aos restantes interessados no “tacho”, manjedoura ou gamela,
consoante a “canhola” de cada um alcançar.
Eu
compreendo que para se administrar, há situações em que é necessária, senão
imperativa, uma oposição a determinados interesses, em nome do bem dos
governados. Mas isso só acontece quando há milagres!!! – Ainda há quem acredite
nisso!?
Mas…
Ui! Há mais de 40 anos qu’isso não acontece!!!
Sabe
porquê, André?
Porque…
O
PRESIDENTE DA RÉPUBLICA NÃO GOVERNA.
ESSA
É FUNÇÃO DO GOVERNO.
Como
tal, em meu entender, o miolo do seu paleio discursivo está a carecer de uma
transformação no recheio contido entre a primeira maiúscula e o último ponto
final da retórica.
Creio
ter-me feito entender!?
Não
me despeço de si com um Abraço Grande, para esquivar-se errados julgamentos de
valor, de quem quer que seja.
Então,
“ciao”.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra, 11/01/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Obs:
Sou
contra a usança do AO90.
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