MISSÃO CÍVICA EXECUTADA
O problema do
mundo de hoje é que as
pessoas inteligentes
estão cheias de dúvidas,
e as pessoas
idiotas estão cheias de certezas.
(Bertrand
Russell)
MISSÃO
CÍVICA EXECUTADA
Eram
9.45 da manhã.
Quando olhei para aquela folha branca A4
que me entregaram, repleta de linhas quadrados e símbolos, que mais pareciam hieróglifos,
pensei para comigo: aqui está a radiografia da fragmentação do meu Portugal, onde
cada burro puxa para o lado que mais lhe convém. É realmente um emaranhado
simbólico a “sujar” a alvura daquela página, que pode suscitar alguma confusão
às pessoas de mais “tenra” idade, porque os anos, no seu vagaroso andamento
foram lhes macerando os neurónios. Aproveito para dizer que não havia
necessidade da proliferação de tantas facções para “malgovernar” um rectângulo de
tão reduzida pequenez, onde, não deixo de dizer, poderíamos ser todos felizes.
Mas seja como for, votei. Elegi não à
deriva, mas também não procurei saber de entre toda aquela sinalética de
representação partidária, quais eram os bons e quais eram os maus, limitando-me,
contudo, por cálculo intuitivo atempadamente feito, a localizar e marcar com
uma cruz, o símbolo que achei me poderia garantir que de todos os males, seria
o menor. Isto porque não acredito nas palavras nem nos propósitos usados por
toda a camarilha, que néscios, seguidores, e mentes de “sublime” linhagem
parasitária, titulam de aristocratas, conotando-os, ainda que erradamente, como
sendo a fina nata da nossa intelectualidade – pelo que se tem visto, fracassada.
Se bem que os interesses que movem os
candidatos ao “podium” europeu tenham
muito de comum, as ideologias não deixam de não ser diferentes, como diferentes
são a sua forma de reflexionar e actuar, que na mor parte das circunstâncias,
ou mesmo sempre, nos surpreendem pela negativa.
Mesmo sabendo disso, alimento sempre uma expectativa
sebastianizada que me move ao voto, cumprindo deste modo, ainda que constrangido,
mas de livre vontade, a minha obrigação de cidadão português e consequentemente
europeu.
De consciência desoprimida, mas algo reticente
por causa das dúvidas que assolam o meu pensamento, já dei o meu sufrágio, se
não mais, para que Portugal continue a conservar o seu “burro” à manjedoura da
Europa.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 26/05/2019
Advertência: continuo em desacordo
com
o Novo Acordo Ortográfico.
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