ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.
ABORTO À
PORTUGUESA, SÓ CÁ.
Só aqui. Só
neste país se “manda o Zé às compras” e os outros que paguem a mercadoria. Se
isto não cabe na cabeça de ninguém com juízo, muito menos na minha que não o
tem.
O vigente
governo, aiiinda estááá a estudaaar a iiimplemeeentaçããão de taxas moderadoras
para a interrupção voluntária da prenhez. Realmente é um descomunal problema,
fruto de um caso bicudo e duas bolas de esperma, que agora faz o nosso Ministro
da Saúde (ou da doença) andar num rodopio em permanente veladura, para espremer
ainda uns “tostõezitos” através da aplicação de mais umas taxas moderadoras,
que há muito deviam ter sido aplicadas.
Não penso que
seja necessário fazer tanto alarde e chamuscar os miolos à volta de um facto
onde a subjectividade não afecta a clareza da razão. Sou de opinião que o
Ministro da Saúde tem por direito dormir descansado, perante um facto que
apresenta tanto de mau como de ridículo; “a
interrupção voluntária da gravidez”.
Mau, porque
existe uma permissão legal e uma falta de senso materno para a liquidação de
uma existência, em princípio naturalmente concebida. Ridículo, porque o estado se substituiu a uma responsabilidade em
que os contribuintes são, por arrasto obrigatório, injustamente
responsabilizados pelo pagamento integral decorrente das “cavaladas” que outros
cometeram em pleno deleite e perfeito juízo.
Há muito que a
situação do aborto me anda a
coriscar no cérebro e penso que chegou a hora de morder, se bem que
anteriormente já tenha rabiscado algumas críticas.
Abertamente, eu sou contra qualquer taxa
moderadora nesse sentido; quem o deseja efectuar, deve pagar integralmente
as despesas inerentes ao “matricídio” autorizado e não tem peva a arguir.
Com toda a
informação científica e tecnicismo actualmente existentes ao dispor da
sociedade com total abertura, a procriação está implicitamente ligada à vontade
de cada um e pode muito bem ser evitada se assim o desejarem. Assim sendo, o
estado não deve despender dos dinheiros públicos para fins abortivos.
Casos existem,
em que a radicalidade de que sou a favor, tem forçosamente que ser posta de
lado por força das circunstâncias que podem levar as pessoas a este extremo;
neste horizonte, já nem taxas moderadoras devem existir mas sim a gratuitidade
absoluta em todos os serviços necessários à efectivação do desmancho.
São eles,
casos de violação compulsiva, perigo de vida para a futura parturiente,
aberrações ou anormalidades que coloquem em causa a normal sobrevivência do
futuro ser, e outros cujas razões devem ser avaliadas, que não as de mero
capricho ou “distracção”.
À guisa desta
crónica opinativa, veio-me à memória um poema do já falecido Dr. Sanches da
Gama, pessoa conhecidíssima desta cidade, pela mordacidade dos seus versos.
Este saiu num guardanapo, quando, certo dia ele presenciou no já extinto Café
Arcádea” um par de pombos num mútuo ensino de “linguística” salivosa.
Metam
a broa na pá
Porque
o forno já está quente.
Mas
por tudo quanto há,
Não
“forniquem” o juízo à gente.
António Figueiredo e Silva
Coimbra
29/06/2012
www.antoniofigueiredo.pt.vu
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