segunda-feira, 10 de junho de 2024

A VIDA ЖИЗНЬ לעבן ЖИТТЯ LEBEN

 

Não vivas para que a tua presença seja notada,

mas para que a tua falta seja sentida.

(Bob Marley)

 

A VIDA

ЖИЗНЬ

לעבן

ЖИТТЯ

LEBEN

 

Quem nós éramos e ao que chegámos!

Por mais ocasiões que higienizemos o nosso físico, que rapemos (os que rapam), ou besuntemos (os que a besuntam) a face, por mais estilos que possamos dar ao cabelo (quando ele existe), e por mais elevado que seja o nosso desejo em sermos sempre novos, o ciclo de vida é inflexível; é um verdugo obstinado em manifestar os seus propósitos, à revelia da nossa vontade.

Ele supera todas as maquiagens, todas os modelos de “tosquia” e todas as saponárias e perfumes com que tenhamos incensado o nosso corpo.

Com o passar do tempo, ele, com lentidão aparente, vai-nos oxidando, e, quando damos conta, física e intelectualmente, já não somos os mesmos. É evidente que o tempo mantém a sua inércia inalterável; nós é que, absortos e embriagados por alguns prazeres, que infelizmente não são outorgados a todos, vamos percorrendo o espaço temporal, sem disso nos apercebermos. Vamos passando por ele, e não é ele que passa por nós.

Assim sendo, ainda não tenho a certeza se a nossa existência é uma dádiva bondosa que a Natureza nos ofereceu ou se uma artimanha com que nos contemplou. A minha confusão é de tal magnitude que por vezes me deixa apreensivo por momentos, (como este), e desorienta o rumo da minha compreensão. Não desconheço, porém, que esta questão transcende o meu entendimento; contudo, não considero obstáculo que impeça a minha dissertação sobre o assunto, mesmo que possa ser considerada uma idiotice. Sou naturalmente teimoso. A culpa não é minha. Foi assim que geneticamente a Natureza me produziu. Considero-me um ser cósmico, curioso e amante de questionar o desconhecido, enquanto os meus neurónios encefálicos a isso se não recusarem; porque, com o andamento no périplo temporal, as suas junções nanométricas também se vão desgastando, e entre eles deixa de haver comunicação – ficam “zangados; o que pressupõe paradoxalmente, o início do fim, para o recomeço.  

Bem, evidenciando os meus frágeis conhecimentos acerca do Universo, está mais que provado, que tudo o que nele existe está em movimento perpétuo - até prova em contrário. Contudo, para que essa imortalização cinética se conserve, existem várias mutações na matéria com vista a conceder ao Universo essa eternização. Eu não diria que existe um princípio e um fim; mas admito a existência de uma criação destinada a uma sequente destruição, com vista a uma transformação para um recomeço.       Essa mudança cíclica, é que determina o estado de toda a matéria que nele existe. Bem vistas as coisas, isto até parece um paradoxo - será, mas não é; porque, no final, nada existe que não tenha um princípio. Todavia, para que o começo exista, também é certo que tem de obedecer a um fim.

Tudo o que nasce, já é portador do bilhete de embarque na mão para essa transmutação cósmica.

No caso do Ser Humano, que se tem como um ser pensante único, ele não passa de um idiota, um burro, um ignorante, um falhado. Só arranja problemas para si próprio e para os outros seres vivos que com ele coabitam, criando no seu habitat planetário, uma imagem supliciante do suposto Inferno (digo suposto, porque não conheço outro), por adulterar, graças à sua inteligência rasa, os princípios da selecção natural, arcando depois com todos os resultados nefastos provindos do seu indubitável desconhecimento.

Toda a Vida e a sua boa ou péssima qualidade, depende de nós (refiro-me ao Ser Humano). Porém, já estamos tão enlouquecidos, que não sabemos distinguir o que é benévolo, daquilo que é maldoso. Estamos completamente embrutecidos. A nossa visão mental está ofuscada pela ambição, pela cobiça e pelo poder para uso individual e não colectivo. Estas três componentes é que, em vez de angariarem a paz, estabelecem a guerra.

O presente resumo, por ser redigido por um “palerma”, o seu valor pode ser de apreciação variável; no entanto, atrevo-me a sugerir a todos aqueles que puderem aproveitar os melhores momentos da Vida, que os gozem em toda a sua plenitude, - mas com juízo na corneta; porque quando o fim da duração se aproxima, irão concluir que não foram assim tantos como pensaram. Porque vida é muito curta e efémera. Rapidamente chegará o dia em que quando vos mirardes ao espelho, com profundo espanto, reflectireis: ah!? Como éramos e como estamos!

É nessa altura que concluireis que a vida é um sopro e o estar neste Mundo é um risco - que tem de ser suportado ou vencido.

Quem não possuir resiliência para o suster e derrotar, goza de absoluta liberdade para embarcar por conta própria, segundo a sua vontade.

A existência não passa disto. É um “engôdo” da Criação para conservar a eternização do movimento Universal e certificar a Sua Força Criadora.

E todos irão pensar o mesmo:

- “Ah! Quem nós éramos e como ficámos”!?

Mesmo assim, entre adversidades e vitórias, entendo que não é mau viver. Mas, só após o embarque, sem créditos nem bagagens, se verá!?

Pelo menos, enquanto eu respirar e ouvir o assobiar ou rosnar do vento, legitimo que a minha existência é uma realidade – por enquanto.

Depois, direi.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra 10/06/2024

www.antoniofsilva.blospot.com

 

Nota:

Não uso o AO90.   

   

 

 

 

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