ULTRAGE À MEMÓRIA DE CAMÕES
ULTRAJE À MEMÓRIA DE CAMÕES
Foi preciso chegar ao século XXI, para que, do fundo do odre das escórias da arte, germinasse um pseudo-artista, que com meia dúzia de traços tivesse provocado uma dermatose actínica no rosto histórico de Luís de Camões, que deu origem à desaparição da sua face.
Como fervoroso admirador
que sempre fui e sou, desta figura, perante a vomitiva indignação, que muito me
agrilhoa, o único espaço que resta para desabafar ou metralhar, é a crítica; fuzil
do qual me vou socorrer. Para espingardar a direito, e sem titubear.
É provável que os meus
conhecimentos de arte, possam ser reduzidos; mas certamente não o serão no seu
absoluto - algo cá dentro ainda canta.
Porque arte e beleza, não obedecem a parâmetros restritos e convencionados, contudo, obtemperam a diversos pontos de vista concedidos pela sensibilidade de cada um e constantes no seu estado emotivo; perante o que vê, o momento em que vê, as condições em que aprecia, e até o ambiente que o rodeia; estes é que lhe fornecem a sua apreciação pessoal – contestável, sim, todavia, dificilmente eliminável.
Como tal, e a meu ver,
considero este trabalho um aborto da arte!
Um arremedo e um insulto à memória de Luís Vaz de Camões! Que foi e sempre será, uma figura de grande peso e apreço
da nossa História, e não só, - também mundialmente
Por estas razões, eu
irei falar por ele no meu, - talvez acintoso – porém, satirizado cântico,
abaixo grafado sob a penumbra agra de uma revolta interior que me sidera o
espírito.
O ULTRAJE
1 Com pincéis sem pelo e lápis mal aguçados,
Idiotas desta linda terra Lusitana,
Com conceitos nunca antes descascados,
Não passam de pacóvios de traquitana;
Sem temor da critica e todos inchados,
Mais do que permite a resistência sana,
Entre gente imbecil e boçal geraram
A tosca efígie, que tanto admiraram;
2 É um arremêdo às memórias gloriosas
Daquele trovador que em vida foi narrando
O estado do Império, por terras viciosas
Que por África e Ásia houve andarilhando.
Àqueles que por azáfamas menos valorosas
Se vão da cegueira “colectiva” alimentando:
Espalharei, entoando por toda a parte,
A pobreza do desencanto e a nobreza da arte.
3 É p’ra esses medíocres convencidos,
Que que em qualquer borrada vêm arte,
Que nada se compara à dos tempos idos!
Beleza é beleza, borrões e rabiscos à parte.
Mas, nestas ou noutras ilusões descabidas,
Há sempre quem não falte ao embarque.
Ou por débeis alienações compelidos,
Ou p´ra tentar governar a sua parte.
4 E é na imensidão do Universo complexo
Que assim rodopia este Planêta agreste
Em que é sempre exibida no seu inverso
Qualquer futilidade que pr’a nada preste.
Na tentativa de embustear os palonços
E poluir a fraca inteligência que lhes reste,
A aldrabice trilha por caminhos esconsos.
Não é parecida; é bem pior do que a peste.
António Figueiredo e Silva (1-2)
Coimbra, 05/06/2024
Nota:
Não uso o AO90.
Obs:
Já sei que esta crítica
incentiva
à venda de mais cunhagens,
devido à patetice de muitos.
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