ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.
Nota:
É usual dizer-se, que, “recordar
é viver”.
Nesse sentido, esta agridoce
resenha, escrita em 29 de Junho de 2012, é só para “recordar” -, sem ainda ter
arredado da minha opinião, claro.
ABORTO À
PORTUGUESA, SÓ CÁ.
Só aqui.
Só neste país se “manda o Zé
às compras” e os outros que paguem a mercadoria. Se isto não cabe na cabeça de
ninguém com juízo, muito menos na minha que não o tem.
O vigente governo, aiiinda,
estááá, a estudaaar, a iiimplemeeentaçããão, de taxas moderadoras para a
interrupção voluntária da prenhez.
Realmente é um descomunal
problema, fruto de um caso bicudo e duas bolas de esperma, que agora faz o
nosso Ministro da Saúde (ou da doença), andar num rodopio em permanente
veladura, para espremer ainda uns “tostõezitos” através da aplicação de mais
umas taxas moderadoras, que há muito deviam ter sido aplicadas.
Não penso que seja
necessário fazer tanto alarde e chamuscar os miolos à volta de um facto onde a
subjectividade não afecta a clareza da razão. Sou de opinião que o Ministro da
Saúde tem por direito dormir descansado, perante um facto que apresenta tanto
de mau como de ridículo; “a interrupção voluntária da gravidez”.
Mau, porque existe uma
permissão legal e uma falta de senso materno para a liquidação de uma
existência, em princípio naturalmente concebida. Ridículo, porque o estado se
substituiu a uma responsabilidade em que os contribuintes são, por arrasto
obrigatório, injustamente responsabilizados pelo pagamento integral decorrente
das “cavaladas” que outros cometeram em pleno deleite e perfeito juízo.
Há muito que a situação do aborto
me anda a coriscar no cérebro e penso que chegou a hora de morder, se bem que,
anteriormente já tenha rabiscado algumas críticas.
Abertamente, eu sou contra
qualquer taxa moderadora nesse sentido; quem o deseja efectuar, deve pagar
integralmente as despesas inerentes ao “matricídio” autorizado e não tem peva a
arguir.
Com toda a informação
científica e tecnicismo actualmente existentes ao dispor da sociedade com total
abertura, a procriação está implicitamente ligada à vontade de cada um e pode
muito bem ser evitada se assim o desejarem. Assim sendo, o estado não deve
despender dos dinheiros públicos para fins abortivos.
Casos existem, em que a
radicalidade de que sou a favor, tem forçosamente que ser posta de lado por
força das circunstâncias que podem levar as pessoas a este extremo; neste
horizonte, já nem taxas moderadoras devem existir, mas sim, a gratuitidade
absoluta em todos os serviços necessários à efectivação do desmancho.
São eles, casos de violação
compulsiva, perigo de vida para a futura parturiente, aberrações ou
anormalidades que coloquem em causa a normal sobrevivência do futuro ser, e
outros, cujas razões devem ser avaliadas, que não as de mero capricho ou
“distracção”.
À guisa desta crónica
opinativa, veio-me à memória um poema do já falecido Dr. Sanches da Gama,
pessoa conhecidíssima nesta cidade, pela mordacidade dos seus versos.
Este saiu num guardanapo,
quando, certo dia ele presenciou, no já extinto Café Arcádia”, um par de “pombos”
em mútuo ensino de “linguística” salivosa.
Metam a broa na pá
Porque o forno já está
quente.
Mas por tudo quanto há,
Não “forniquem” o juízo à
gente.
António Figueiredo e Silva
Coimbra
29/06/2012
Concordo totalmente. Bom raciocínio e muito bem exposto.
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