“TRONCO VELHO” (Reflexões)
a velhice toca a todos; não deves por
isso,
abandonar quem toda a vida te amparou.
(A. Figueiredo e Silva)
“TRONCO VELHO”
(Reflexões)
É.
É deste ângulo que, erradamente, a velhice tem vindo a ser encarada pelos amofinados
da mente, cuja mazela não lhes permite que a sua visão se alargue para além de
si próprios – lei umbilical dos estúpidos. Uma mistura de egoísmo e desdém, que
os faz esquecer que um dia, serão eles os agonizantes – se lá chegarem!?
O
“tronco”, que já foi “criança”, na verdade está velho! Nele existem os buracos
do maldito carcoma; a sua “tês” desidratou, apodreceu e despegou-se. Dos ramos,
que suportavam a sua frondosa folhagem, outrora estimada, que protegeu muita
gente com a sua sombra, apenas restam uns cotos sêcos e desnudados, e mais uns vestígios
de outros, que no seu tempo primaveril existiram.
Está
tão velho, que já nem aos pica-paus lhes apetece edificar o seu domicílio,
relegando-o para simples pouso de chascos, carriças, pegas, pardais, ou até,
para servir de encosto para os cães alçarem a perna no ritualizado alívio de
uma mijinha.
Está
velho! Não tem préstimo.
Mas,
se enfiarmos o indicador num ouvido e coçarmos a massa cinzenta, alojamento
permanente do conhecimento, (quem é dotado dessa capacidade), podemos concluir
que ele ainda deve ter alguma serventia; apesar de ser um peso renitente
atravessado no carreiro da indiferença de muitos viandantes, deve ser “saltado”
com alguma prudência e dignidade, porque a velhice é que congrega os tijolos da
riqueza da história. É natural que naquele “pau velho” ainda remanesça algum
cerne para aproveitar; e o certo é que, em situações várias, ele “cai” atravessado
e corta o andamento a alguns desprestigiantes canalhas, onde a modéstia não sai
de dentro dos seus encéfalos amorfos, empestados por um auto-convencimento sem
razões plausíveis para isso.
Contudo,
como “largos anos têm os seus dias” e eles (canalhas), desmemoriam que o corpo,
do qual usufruem, como todo o ser vivente, mais não representa do que um
empréstimo concedido pela Natureza, que mais cedo ou mais tarde terão que
devolver com gravativos juros de mora, que por princípio são piorados por toda
a multiplicidade de achaques presenteados num só cesto; o
cabaz da velhice.
Por
isso, quando te deparares com um “tronco velho”
e aparentemente apodrido, não o subestimes. Nele poderá estar reflectido o teu
futuro – se tiveres sorte.
Pondera
duas ou três vezes, antes de prosseguires a tua caminhada sobre a alcatifa de
“troncos velhos” e “folhas mortas”, que atapeta os trilhos desta vida
impostora; senão, estás subjugado a enganar a ti mesmo.
NÃO
DUVIDES... NEM QUESTIONES!?
PALERMA!!!
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
20/03/2022
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
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