O MEU MAIS FIEL AMIGO МОЙ САМЫЙ ВЕРНЫЙ ДРУГ MEIN TREUESTER FREUND MY MOST FAITHFUL FRIEND
Recolha
um cão de rua, dê-lhe de comer e ele não morderá:
eis
a diferença fundamental entre o cão e o Homem.
O
MEU MAIS FIEL AMIGO
МОЙ
САМЫЙ ВЕРНЫЙ ДРУГ
MEIN
TREUESTER FREUND
MY
MOST FAITHFUL FRIEND
Vencido pela velhice e pelo infortúnio, hoje, por volta das cinco horas da manhã, finou o único amigo sincero que tinha, na terra onde me deram à luz. Encontraram-no arfando em agonia, quando dava os últimos suspiros em sinal de despedida deste mundo-cão.
Há
muito tempo que havia perdido a audição; mas, mesmo que eu estivesse meses sem
aparecer, aquele amigo ao longe me farejava e corria alegremente em minha
direcção na esperança de umas festas minhas, que com gratidão ele sabia
retribuir.
Os
anos foram passando e ele foi assolado por um derrame cerebral que acabou por o
colocar em estado vegetativo.
O
“médico” não o conseguiu reabilitar do suposto rebentamento de um aneurisma
numa das artérias encefálicas. Coisas da vida!
Em
princípio, ficou com um andar cambaleante, como um ébrio ao sair da taberna,
completamente toldado de álcool; chegou a tal ponto que perdeu os movimentos de
locomoção e outros, de importante relevo para a sua sobrevivência. Paralisou,
coitado! Com a vida já presa por um fio, passou ser alimentado pela boca, com
recurso a uma seringa própria para o efeito - sem dúvida, os seus amos foram
muito benévolos para com ele até ao último instante.
Era
alegre, brincalhão, e dotado franqueza tão aberta, que muita gentinha devia
reproduzir – talvez o mundo fosse melhor. É certo que não ia à missa, mas
também não devia sentir peso na consciência por isso. A Natureza assim o talhou.
Pelo
que consta, jamais hipotecou a sua linhagem “masculina”, e, nas voltas que
dava, também não desaproveitava as oportunidades de o manifestar, nunca atraiçoando
os dotes que pelo Criador lhe foram concedidos. Foi o um óptimo disseminador do
seu ADN por “meia freguesia”; certamente que existirão muitos que desconhecem
que ele foi o seu pai – mas isso também acontece com muitos filhos-da-mãe, que
não têm a ver nada com a raça dele.
Por
ter sido um amigo que na minha terra, sempre me recebeu bem, com exuberante contentamento
e carinho, nunca me “ladrou”, e muito menos me “mordeu”, é digno destas
palavras que escrevo em sua memória.
Com
alguma deploração dos seus donos – e minha -, foi hoje enterrado, por volta das
dez horas da manhã.
Porque
acredito que no poder e na igualdade da Criação concernente a todos os seres
viventes, estou convicto também que lhe tenha sido atribuída uma alma – que a
maioria não crê, mas, a mim pouco me interessa!?
Foi
o cão mais engraçado e mais patusco que conheci, cujo porte devia meter inveja
a muitos elementos da população de Loureiro – e não só.
Adeus
“TEK”! Que a tua alma descanse em paz!
Na
minha imaginação, és digno de uma lápide em mármore azul junto à cova, tua
eterna residência, com o seguinte epitáfio:
“AQUI
JAZ, O ÚNICO AMIGO QUE
NUNCA EM VIDA ME MORDEU”.
Mereces.
António
Figueiredo e Silva
Loureiro,
15/03/2022
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Obs.:
Sempre
procurei colocar os animais no lugar que por natureza lhes foi atribuído, sem
nunca os tratar mal (a cama deles é deles; a minha, é minha).
Também
nunca entronizei um animal em detrimento de um ser humano.
Mas
que eles nos dão muitas lições, é verdade.
Nota:
Faço por não
usar o AO90
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