AMIGOS QUE NÃO "MORREM"
AMIGOS QUE NÃO "
MORREM"
(José da Cunha Reis Pinto Coelho)
Pela
excelência da sua ficha curricular em técnica aeronáutica, veio a ser nomeado
chefe de equipa na Manutenção da companhia.
Mais
tarde, foi indigitado para ir aos USA, (Estados Unidos da América), a fim de frequentar
um curso de formação em Boeing 737, o que, posteriormente, lhe valeu um convite
para ministrar instrução sobre de Sistemas Hidráulicos da referida aeronave, no
Centro de Formação Técnico das Linhas Aéreas de Moçambique.
Entretanto,
eclodiu a sublevação do 25 de Abril em 1974 em Portugal, e, por arrasto, a
“Revolta” no dia 7 de Setembro no mesmo ano, em Moçambique, que se iniciou com
a “apropriação” forçada do posto emissor em Lourenço Marques, a Rádio Clube de
Moçambique.
Após
vários infortúnios e alguns fatalismos, passados três dias, perante a presença
“amigável” de um Panhard Ultrav M11,
(veículo blindado do Exército Português), em frente ao edifício da emissora,
esta foi “assaltada e preenchida” pelas tropas portuguesas. Para pontualizar o
facto, foram difundidas através das suas antenas, as termos: “GALO, GALO,
AMANHECEU” (moçambique era independente).
A
partir daí, depois de bastantes imprevistos, deu-se o início da diáspora de
grande parte dos “colonos” portugueses para as mais diversas partes do mundo.
Contudo, foram até ali, sem sombra de dúvida, os impulsionadores da cultura e
da economia moçambicana - alguns, nados e criados naquelas terras.
Mas,
adiante.
Após
alguns dias da “sublevação” justa, e do seu forçado “apaziguamento”, as coisas
mudaram de figura e… “salve-se quem puder”.
O
Zé
Reis,
(ou Cunha
Reis),
como usualmente era conhecido, largou tudo e embarcou novamente para a África
do Sul, onde exerceu a sua profissão na South African Airways, cujas chefias,
por ele nutriam grande estima e consideração.
Entretanto,
a idade foi atravessando o tempo, e o esgotamento existencial, paulatinamente
ia impondo condicionantes diversas, que o levaram a optar pela jubilação.
Apesar
de gostar muito de Moçambique, nessa altura, a estabilidade que por lá
andarilhava era deficiente e não oferecia grandes oportunidades laborais, nem garantia
condições, segurança; já não digo boas, mas razoáveis. Então resolveu vir com a
família, morar para Portugal; mais propriamente para a cidade universitária de
Coimbra, onde antecipadamente já havia adquirido habitação.
Cá
nos voltámos a encontrar de novo, dando continuação à nossa envelhecida
amizade.
Sempre
foi uma pessoa de bom trato. Inteligente, educado, humilde, respeitador,
condescendente, sem ostentação, amigo do seu amigo sem falsidade e bom
conselheiro; porém, obstinado. O que tinha para dizer, dizia, nem que para isso
tivesse que trovejar. Quando tinha a certeza de que a razão estava do seu lado,
descarregava. Era muito frontal.
Aprendi
muito com ele. Pessoal e tecnicamente, foi um Grande Homem
e um Magnífico
Mestre.
Além
de tudo, selámos uma amizade que sobreviveu até aos dias hoje.
Ontem,
com 90 anos de peso etário, pelas duas da manhã, adormeceu para sempre!
“Embarcou”
num voo repousante para a Eternidade! Mais uma biblioteca de saber que
desapareceu, no estrito e implacável cumprimento das leis do Universo.
QUE
REPOUSES EM PAZ, NO LUGAR ETÉREO ONDE ASCENDESTE.
ADEUS
ZÉ!
Até
à minha chegada.
António
Figueiredo e Silva
31/01/2022
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço
por não “calçar” o AO90
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