DELAÇÃO

 

DELAÇÃO

(A minha mulher “matou” um rato)

 

Exmo. Sr. André Lourenço e Silva

 

Pundonoroso dirigente d’O Partido das Pessoas, dos ANIMAIS e da Natureza.

 


Perante a minha aquiescência (se calhar caricata), aos preceitos emanados pela doutrina que orienta as linhas fundamentais do partido que, corajosa e beatificamente dirige, é meu apetite, à laia pidesca, (se assim o quiser entender), proceder a uma denúncia que a meu ver, é um “crime” de lesa-natureza, praticado por uma pessoa de alega sentir-se incomodada com a abusiva entrada de um rato no seu (nosso - meu e dela), quintal. Sim, ainda pertencemos e àquela geração de seres que casou com comunhão absoluta (e obsoleta), de pessoas bens – bons e maus, como é inteligível.

A revelação que tenho para apresentar-lhe esta:

A minha mulher, proporcionou a morte “assistida” a um rato.

Por saber que hoje, os animais valem tanto ou mais do que as pessoas, fiquei irritado e pesaroso com o acontecido! Daí, resulta a causa da presente acusação.

Argumentou ela, que os ratos são como os políticos; onde entram só fazem estragos. Roem tudo o que lhes aparece pela frente, mijam em qualquer lado mesmo com sentina por perto, e concedem, umas “caganas” por tudo quanto é sítio, como indigna gratulação pela franqueza da nossa “franca” hospedagem - forçada.

Eu cheguei a vê-lo por uns fugidios décimos de segundo. O ratito até era muito lindo| “redrôlho”, com chicha suficiente para aguçar mais o apetite a qualquer gato ranhoso esfaimado, que fosse de outra extrema-esquerda e se estivesse borrifando para as doutrinações partidárias felinas.

Sem dar nas vistas, mas deixando sinais da sua estadia, foi andando lá pelo quintal, armado em lorde, como se o condado fosse pertença sua. Durante o dia, o malandreco devia proceder ao confinamento por causa (penso), do COVID-19, (como implora, e não como a lei “manda”), lá por detrás das plantas e vasos por ali dispersos, certamente refastelado, a dormitar, enquanto digeria alguns grãos de trigo - há ratos são mais espertos do que as pessoas e têm a noção de que o COVID, mata. Bem, isto não invalida que não hajam pessoas “erradamente” tituladas de ratos, mas mais espertas do que estes cinzentos e “amorosos” animaizinhos. Olhe, basta fazermos um périplo pelo mundo da política para nos certificarmos da presença, não de ratinhos, porém de destruidoras ratazanas, assoladas por uma grande voracidade no desfastio dos seus interesses próprios. É verdade! Fico espantado! esfomeado

Mas, continuando a descasca (denúncia); depois, quando tudo já dormia, enquanto algum grilo ou mocho cortavam o profundo silêncio da mudez da noite, ensolarada pelo brilho diáfano do luar, o sacana saía (presumo), do seu sítio habitacional, e vinha promover alguns estragos, e disseminar através das suas mijadas uma das doenças mais perigosas para as pessoas (que politicamente pouco interessam), vulgarmente conhecida por leptospirose (pode informar-se se desejar, que é mesmo perigosa).

Por estas e outras razões, com as quais, para lhe ser franco, “não concordo muito bem”, a minha corajosa esposa, resolveu proporcionar ao animalzinho umas apetitosas refeições, decerto, gostosas, designadas por trigo-roxo, que decididamente o enviaram para o outro mundo, que não sei onde se situa, mas o certo é, que deixou de haver sinais de rateirice.

Ora eu, não devia estar aqui a fazer-lhe esta denúncia, porque o crime foi executado pela minha “dama de companhia” de uma a vida; porém, contrariando a filosofia da minha esposa e  tendo em conta que para o partido que lidera, (PAN), os animais aparentam fruir de mais valor do que as pessoas, (pelos menos, na minha ignorância, assim o entendo), queria pedir-lhe que cascasse com as “chancas” aí no tablado parlamentar, para que fosse congeminada uma lei que tutelasse a multiplicação e vivência desses animaizinhos, que até têm alguma piada, apesar dos estragos que causam e das maleitas indesejáveis que podem derramar sobre os portugueses. A vida é assim!?

Estou até convencido, que dentro desse hemiciclo onde em várias ocasiões o Sr. arrazoa as suas “produtivas” opiniões, deve haver muitos, devido à existência do mobiliário em madeira, que, por causa da sua “engelhada” antiguidade, deve ter mais buracos e bolor do que um queijo, onde eles se acoitam e podem fornicar e vicejar, apesar da imposição de relativa liberdade “monástica”. Para eles, peço liberdade absoluta. Neste sentido, carecem é de tutela. Debata-se a favor da emancipação da rataria.

Apesar da minha denúncia, que não devia ser feita, não sinto tranquilidade absoluta na minha consciência. Estou a boiar numa instabilidade de contrição.

Sabe, eu “tenho bastante apreço” por eles”! Mas, reflectindo bem, a minha esposa é bem capaz de ter razão.

Sendo eu já velho e apanhado da mioleira, tenho dúvidas quanto à realidade do meu raciocínio; deixo por isso, o meu rogado de protecção ou exterminação, sujeito ao brado da “rectidão” da sua consciência.

É a única via que tenho de aliviar a minha.

Queira desculpar-me.

 

O DELATOR.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 22/07/2021

http://antoniofsilva.blogspot.com/

    

Obs:

Não sou a favor do AO90.     

 

 

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