"AGRADECIMENTO E PESAR"

 

Somos talentosos na concepção de ilusões,

mas ficamos renitentes em aceitar que a

pureza da realidade, só existe nas mesmas,

e nas imperfeições das nossas atitudes.  

(A. Figueiredo e Silva)

 

“AGRADECIMENTO E PESAR”

 


Expirou a existência de um homem que vai ficar para a história como um “herói”, por mim jamais esquecido - pelo menos enquanto eu por cá for andando a “respirar”, nesta atmosfera poluída pela politiquice traiçoeira.

Quero manifestar o meu pesar e agradecimento, por tudo o que ele fez para me sacudir e eu despertar da apatia em que inocentemente estava envolto, e pudesse ter aberto os olhos para a realidade.

Para mim foi um mestre pelos exemplos e pelas lições de enrijecimento mental que ministrou. Só não aprendeu quem nasceu agarrado à placenta da estupidez ou infectado pela cegueira da conveniência, e nunca conseguiu ver a realidade dos factos.

Conquanto que não tivesse sido um homem grande, não deixou de não ter sido um grande homem. Considerado como a figura primeira do 25 de Abril – disso, ainda que bem assim não seja, ninguém lhe rouba o mérito, mercê dos benefícios que turbinam no espaço comunicacional, comercial e político.

Derrubou a ditadura, sem dar um tirinho; não sei, mas tudo aponta no sentido de que foi o criador (pela dúvida, não deva acreditar), das forças de choque (ou bandalhos), FP25, - Hitler também tinha as SS e Mussolini os Camisas Negras; foi o excelso responsável do COPCON  – a neo-democrática PIDE; ao que consta, tinha em mente transformar a Praça de Touros do Campo Pequeno, num espaço de “lazer” e volatilização, para portugueses divergentes das suas convicções doutrinais - se calhar, especulação tendenciosa!?    

Mas, adiante.

Dos resultados provenientes do seu(?!) acto “homérico”, eu fiquei a conhecer o valor da estabilidade financeira nacional e familiar. Perder o emprego, ter tido a família “hospedada” num campo de refugiados; abandonar tudo e emigrar compulsivamente, com uma mão atrás e outra à frente, (sem a paradisíaca folha de parreira), para um país desconhecido, com todos os problemas que isso implicou – linguísticos, usos costumes distintos, maneiras de ser diferentes etc.; economicamente cambaleante, retornar à minha Pátria de origem e recomeçar uma nova, porém espinhosa vida, atiçado por “lisonjas” ásperas e sem graça, atiradas por bocas toscas, brutas e repletas de sarro, cuja estupidez, safadeza e ignorância não tinham limites – ainda hoje proliferam por aí alguns desses calhaus, já artríticos e sem memória.

Tudo isto teve o seu elevado preço. Mas aprendi muito, graças às lições e exemplos de Otelo Saraiva de Carvalho.

Mas, a principal lição que bem apreendi, foi ficar a saber distinguir a diferença entre uma liberdade condicionada e uma democracia fingida. São gémeas.

Todos estes conhecimentos, (muito ainda ficou por dizer), a Otelo Saraiva de Carvalho os devo.

Que descanse em paz!

Enquanto eu espero pelo meu bilhete de ida… sem regresso.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 26/07/2021

           http://antoniofsilva.blogspot.com/

Nota:

Faço por não usar o AO90.

 

 

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