ABENÇOADOS OS GATUNOS
O correctivo certo, para ladrões, vigaristas e corruptos,
é o confisco dos seus bens,
na proporção das suas dívidas ou prejuízos
causados pelas falcatruas cometidas.
(A. Figueiredo e Silva)
ABENÇOADOS
OS GATUNOS
Temo-los
a serpentear no meio de nós e a fazer das suas, encontrando sempre alguém, por
certo lerdo da cabeça, ou apenas com a intenção de manter o seu posto de
trabalho, que lhes arranja patéticas desculpas na consistência da sua defesa,
isto é, até que a sorte do gamanço um dia lhes bata à porta - que eu desejo que
nunca tarde muito.
É
tudo gente boa e o que fazem é sempre impulsionado por recalcamentos da
meninice, infância ou adolescência, que deixam marcas no seu ego, levando-os a
tal, como decidida vingança à sociedade, que não tem culpa nenhuma. Abençoados
por isso!
Abençoados
também quem assim os defende, pois estão no caminho certo até que a primeira
curva não desfaça ou um supositório lhes atravesse a massa cinzenta.
Abençoados
os gatunos, porque conseguiram “deformar” a lei a seu modo. Roubam hoje, e, se
forem apanhados, na mesma hora são soltos, para continuarem na azáfama subtrativa;
os que forem julgados serão absolvidos ou o processo é arquivado por prescrição
(propositada, claro). Aos intocáveis, como é da praxe, não lhes acontece coisa
nenhuma.
Abençoados
os gatunos. Porque sem eles já não vivíamos descansados - e com eles muito
menos -, constrangendo-nos a andar com um olho no burro e outro no cigano (mesmo
assim!?)
Abençoados
ainda, porque só roubam a quem tem e a quem é burro, interpondo assim um
equilíbrio mais justo na riqueza social. (?)
Abençoados
sim, porque nos obrigam a ter sempre o “stock” renovado com a reposição
daquilo que nos vão pilhando, e a renovarmos as nossas linhas de pensamento, e,
naturalmente, a nossa maneira de agir.
Abençoados
sejam pelo seu sacrifício, pois não é fácil trabalhar dia e noite, num gabinete
ou na rua, enquanto o corpo e a mente do patego dormem; de dia por distracção
ou ganância do visado, ou a qualquer hora, descaradamente, mesmo na sombra das
barbas da polícia – acontece.
Abençoados
também porque mantêm muitos postos de trabalho em actividade, inclusivamente o
deles, e indirectamente dão de comer a muita gente “honesta” – nem sempre!?
Abençoados
mais uma vez pela sua espantosa coragem vivacidade e persistência, pois só
assim conseguem levar a água ao seu moinho e obrigam-nos a ser mais preventivos
e argutos, mantendo-nos o cérebro livre de teias de aranha.
E
mais uma vez, não só sejam abençoados os gatunos, mas também todos aqueles que
por força das circunstâncias deles dependem, sendo motivo de suficiente
justificação para a sua existência dessas “almas boas”.
Ah!...
Já me esquecia. Abençoados todos aqueles que lhes aparam os golpes e os
defendem, uma vez que ficam a fazer parte dessa exemplar e autêntica famelga.
Abençoados
ainda, porque, com “muito sacrifício”, fazem pela vida. Só por isso, devíamos
metê-los a todos na choça, onde eles poderiam passar umas férias comendo de
borla, vendo televisão e praticando desportos, com tempo ainda, para meditar
sobre os próximos roubos ou falcatruas.
Tudo,
à nossa custa.
Abençoados
sejam.
Bem
o merecem.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
08/07/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por
não usar o AO90.
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