ELE/s
A mente só tem razão quando
está em paz consigo própria.
(Séneca)
ELE/s
(Interlocução em solilóquio)
Advertência a mim próprio e à sociedade em
geral
Quando, no silêncio quase absoluto das trevas, nada mais me ocorre do que meditar, ponho-me a viajar na vastidão do mundo que preenche a minha já velha moleirinha, e acabo sempre por seleccionar do seu cardápio cognitivo, algo aliciante para diluir a atonia do momento. Sobre esses retalhos, eu medito, reorganizo e completo os espaços vazios com realidades que ao longo da minha vivência hei observado. O prazer da narrativa sempre me “alcoolizou”. O seu horizonte não tem dimensões, por ser viciante e necessitar de criatividade; sendo esta fecundidade infinita, não me faço rogado em explorá-la até aos limites do meu intelecto. Então ponho-me a pensar! - Eu, e os meus “botões”, claro. Sim, porque, feliz, ainda reservo e conservo o direito à cogitação com que a Natureza me mimoseou. Já não é nada mau!
Quantos
não existirão, amofinados pela a carência deste talento natural?!
A
minha gratidão à Criação!
Depois
deste alfobre de palavreado, quiçá, “sem nexo” (ainda bem), coloco-me em esfuziante
estado de meditação, e penso!
*Na
realidade, há “humanos” que não têm paz consigo próprios, porque procuram
interiorizar a razão, onde ela não existe. Mesmo tendo integral conhecimento
disso, continuam a chafurdar no azedume de um capricho combalido, aparentando o
contrário, para abafar os recalcamentos que voejam nas orlas do âmago do seu
ego, já de si bastante depauperado e comprimido por pulsões que a
anormalidade lidera.
E,
reflectindo, falo p’ra mim:
-
Meu velho. A base da erudição e do sucesso, consiste na certeza daquilo que dizes
e em construíres aquilo em que acreditas. É o triunfo justo e merecido, fruto
da tua resiliência, do teu trabalho e da tua força de vontade, sem prejudicar
terceiros, que causa cobiça, e até mesmo, ódio, presente naqueles que apreciariam
ser como tu, sem nunca o terem conseguido.
Partindo
deste princípio, nunca deves submeter a tua maneira de ser às lapidações
sádicas de qualquer doente do juízo, sem amor próprio, emocional e
materialmente falido; são algozes da
sociedade, que estão apostados em subjugar os espíritos mais sublimes, onde a
nobreza de carácter mais se faz assinalar e lhes causa felina e incontida
inveja; a doença insanável de uma ambição sequiosa na busca de um brilho
metálico reluzente, que às vezes sai pardacento - porque o “metal” não compra
tudo, quando a avidez está fora de controlo.
-
Olha, é a maneira de dominar, ainda que velhaca, empregada por esses tresloucados,
porém, fracos anfitriões, que não regulam bem da mona em consequência de uma
bipolaridade congénita que lhes desnorteia o temperamento e os faz vestir e
inflar uma importância plástica, que de legitimidade nada tem. Neles só
acredita, quem é cego, ou faz por acreditar, quem deles estiver dependente –
muitas vezes acontece!?
Nesta
ocorrência, que não é rara, os “padecentes” (por falta de coragem), ainda que contrariados
e desgostosos, abdicam da sua personalidade própria, e, gemendo, vão-se
deixando pisotear pelas patorras da insensatez e depreciação dos convencidos
cavalgaduras, que têm a cisma em se comportar como gente de bem, sem, no
entanto, apresentarem exemplos credíveis que certifiquem esse desígnio.
Geralmente,
a doença bipolar e a esquizofrenia, estão agarradas como carrapatos a este tipo
de criaturas, que não aceitam estas enfermidades como um dado adquirido,
resultando numa revolta interior que não lhes dá consolo, e, em muitos casos,
levam-nas a uma trágica cisão com a vida. E então, quando são manipulados por
terceiros, teatralmente representam o papel de mauzões, contudo, não passam de
uns cobardolas maliciosos, que pertencem à casta ou à nitreira, dos
inconsumíveis.
No
entanto, enveredam pela ostentação de uma arrogância vincada, que lhes está
enraizada profundamente numa carência emotiva que constantemente os suplicia,
infernizando-lhes a existência, e, em resultado disso, eles martirizam também a
vivência de quem os rodeia. São indivíduos megalómanos, manientos, lunáticos
(variam de fase cada instante), autoritários, egoístas e sarcásticos. Afáveis e
bons comunicadores, quando os ventos da vantagem e da conveniência sopram a seu
favor; de contrário, agressivos e dominadores. E então, quando as vítimas se colocam
a jeito ou deles dependem, transformam-se em “terroristas” na linguagem, pouco
polidos na comunicação e até raivosos e hostis.
Passada a “onda de choque”, quando são censurados,
pela a sua própria consciência, deprimidos, “encolhem-se” a um canto qualquer,
a deplorar e a carpir sobre a negatividade das suas atitudes, recorrendo em
certas ocasiões a espíritos etílicos, para minorar o sofrimento (ocasional),
porque no dia seguinte, a rotina continua.
Na
sua maturada alienação, a sêde de subjugar o “mundo” e a inveja, deturpam-lhes
o sentido de ética e acentuam-lhes o inconformismo que se traduz em exigências
pueris, cegas e despropositadas. São amesquinhadores e fazem tudo para diminuir
a honestidade do próximo, como forma de se sentirem supremos e sobressaírem na
sociedade em que “vivem”, como soberanos incontestáveis; todavia, enganam-se a
eles próprios, porque a comunidade, fazendo também uso da dissimulação, um dia abandoná-los-á
e eles acabam por serem vítimas do “fosso” que durante muito tempo andaram a
abrir. Eles não possuem uma uniformidade comportamental constante e fiável; transmutam
de humor “sem se saber porquê”. Não conseguem ser galantes sem manifestar a
rudeza peculiar que os acompanha desde que nasceram. Emocionalmente são uns
débeis. São destituídos de coragem para cortar com os “fantasmas” do passado
que constantemente os atormentam.
É
pela projecção da penumbra do carácter, procedente das suas acções impróprias
para conservar a estabilidade social e familiar, que os podemos conhecer, e,
consequentemente, também dominar; se não mais, com a retribuição do desdém que
eles próprios usam como arma de arremesso para humilhar ou oprimir os seus
semelhantes - até mesmo aqueles que os bem-querem.
São
frios, calculistas, trapaceiros, agressivos, falsos e sádicos.
Contudo,
não lhes quarto a sagacidade e o mimetismo aparente nas acções, que são de
facto, surpreendentes! Apesar de disso, não são felizes. Auto-escravizam-se. O
masoquismo que sustentam para se vitimizarem sem razão de causa, cilicia-os. Um
dia, quando o futuro se tornar carrancudo e sombrio, serão triturados pelos
muros do despotismo que com excêntrico devaneio e arrogante hostilidade, à sua
volta levantaram.
Aí chegados, num terminal suspiro, quando as
“trevas começam a dominar a Terra” e já é tarde para recomeçar, ainda são
capazes de questionar sem ponta de contrição: o que fiz eu, para merecer esta
tortura?!
Mas,
a Natureza não é somente benevolente; também é justa. Como tal, obriga a que
cada um durma no catre que construiu. Esse dia chegará.
Agora
é o momento, de atribuir a Razão a quem é devida: SÉNECA.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
27/05/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
*Este flagelo, que tem sido o desestabilizador
do Mundo,
não deixou incólume a área aonde
abrolhei e comecei a
gatinhar; visto que, ainda subsistem
alguns macambúzios
que persistem em exibir um carácter
que não é real.
É hipócrita. É simulado. É fingido.
Obs:
Faço
por não usar o AO90.
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