ZURRAR
“O mal da
inteligência, é tentar convencer-se sobre
a necessidade de
tolerância com a burrice.
Os burros não querem
tolerância, querem feno.”
ZURRAR
É uma das características que distingue muitos seres humanos dos burros, se bem que alguns, nem zurros saibam articular.
Fico na confiante
de que os burros não se sintam revoltados belicosos e lhes não dê na “moleirinha”
para organizarem em alguma manifestação ou entrarem em greve (realidades que
agora estão na berra), e se recusem a acatar as ordens do almocreve, para
encetarem a distribuir parelhas de coices por tudo quanto é sítio, sem olhar a
quem.
Agora que este animal criou estatuto social e passou a estar sob tutela, não
vejo outra razão, a não ser esta, que justifique o aumento do seu número no
nosso país. Não digo que está abarrotado deles, mas de futuro não sei!? Já vai
em duzentos e tais! Talvez até seja por isso que a sua maneira de escoicinhar e
formato de comunicação, se tenham espalhado com tanta celeridade nas “derradeiras”
quatro décadas, na tradição das persistentes lavagens aos miolos da burricada
nacional.
Muito se tem
zurrado e continua a zurrar neste país! É uma zurraria infernal. Zurra o burro
que é burro, e zurra o “burro”, que cisma que é inteligente.
A atestar a minha
dissertação, temos muita nata da aristocracia fracassada, que deixou de saber
“tagarelar”, articulando vocábulos decentes e credíveis e optou pela
comunicação zurrante e dessincronizada, podendo ser essa a razão da nossa
incompreensibilidade para justificar toda as burricadas que até agora têm feitas.
Bem, por aquilo
que tenho compreendido, creio que eles também não se entendem lá muito bem
entre si, mesmo com a pança cheia e a manjedoura semicircular repleta de palha.
Alguns procuram zurrar sem emitirem uma sonância clara, talvez porque achem que
zurram mal, deixando, no entanto, transparecer os desabafos do que zurraram, a
ver pelos movimentos denunciadores que fazem com as beiças, de onde saem alguns
sons timbrados de complicada tartamudez, de compreensão e audição difíceis.
Penso que, se
em vez de utilizarem a linguagem burrical, empregassem também a massa
encefálica do burro, era bem possível que o entendimento entre eles se tornasse
mais harmonioso e todos nós naturalmente beneficiaríamos mais com isso.
Era plausível
que a crise não se tivesse entranhado com a sufocadora, porém de certificável
intensidade no nosso país, e quiçá, no mundo, onde ouvimos zurrar por um lado e
gemer por outro.
Permanece
realmente uma distinção de fio de navalha entre o zurro e o gemido. Enquanto o
primeiro pode ser uma manifestação de grandeza, de poder, despotismo, de
satisfação e de oportunismo, o gemer já não é assim, uma vez que só o gemido é
indubitavelmente uma manifestação de dor e de sofrimento.
São estas
exteriorizações dolorosas que a cada momento aumentam o número de pacientes, e,
acima de tudo, “burros” padecentes, que já não têm forças para se equilibrar nas
patas, nem nas decisões, mas… teimam em sufragar.
António Figueiredo
e Silva
Coimbra,
21/01/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
Comentários
Enviar um comentário