À FORÇA AÉREA PORTUGUESA
As
pessoas felizes lembram o passado
com gratidão, alegram-se com o presente
e encaram o futuro sem medo.
(Epicuro)
À FORÇA AÉREA PORTUGUESA
Apesar de alguns obstáculos que inevitavelmente fui obrigado a transpor, ainda hoje bem-digo a hora em que voluntariamente ingressei naquele ramo das Forças Armadas Portuguesas.
Não
foi um céu aberto, porém, também não foi um constrangido inferno; acima de tudo,
foi uma escola que me deu asas para voar no universo do conhecimento; um saber
que eu nunca deixei fermentar e até aos dias de hoje, sempre pugnei por ampliar.
Não somente me concedeu uma vasta erudição sobre a técnica aeronáutica, como identicamente me insuflou uma ânsia diversificada nessa sabedoria, que teve um importante papel nas minhas modestas acções “investigatórias”, com as quais sempre fui colmatando a minha congénita curiosidade, que até aos dias de hoje não consegui saciar.
Foi
graças àquela escola que eu talhei o rumo da minha vida na aviação, até ter
sofrido alguns acidentes de percurso, resultantes da política adotada a seguir
ao 25 de Abril, dos quais ainda hoje alimento algumas mazelas - como tantos outros.
Mas,
adiante.
Para
mim, na minha modesta apreciação, a FAP foi
uma escola de elite, por todos os ensinamentos lá ministrados, além daqueles
que propriamente me diziam respeito, para ser um futuro Mecânico de Material
Aéreo.
Tudo
isso, só não aprendeu quem não quis, não se aplicou ou era calaceiro – porque também
havia de tudo.
A
razão para o facto cometido, benévolo ou maldoso, existe. É evidente que muitas
vezes não é desculpável. Se assim não fosse, cada um fazia o que lhe desse na
real gana e a harmonia derreter-se-ia no fundo da desobediente caçarola da
anarquia. Coisa que não deve acontecer numa comunidade, seja ela civil ou
militarizada.
Continuando.
Gradualmente,
através de fases diversas passei de um jovem merdoso, imberbe, irrefletido, e
com o cérebro por lapidar, a ser um homem, de encéfalo limado e polido, de
barba dura, responsável pelos seus actos e consciente dos seus deveres –
modéstia à parte.
Foram
estes os ensinamentos que me acompanharam durante a minha vida.
Agora,
eis-me aqui, com a vitalidade de setenta e sete anos, para consagrar a esse
ramo das Forças Armadas Portuguesas os mais justos encómios que dentro de mim
fervilham, antes que, nas acrobacias da vida, algum voo picado me faça entrar
em viril e perder os sentidos “ad aeternum”.
À
Força
Aérea Portuguesa quero manifestar a minha mais lhana gratidão.
OBRIGADO
POR TUDO.
António
Figueiredo e Silva
(Ex-Especialista
de 1961)
Coimbra,
20/04/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço
por não usar o AO90
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