"TOURADA DEMOCRÁTICA"
Nota:
É de levar em consideração que esta crónica já foi escrita há cerca de dezanove
anos e faz parte do livro que editei em 2007, com o título “Deixem-me Desabafar”; escrito esse, que foi gravado em áudio, para
a ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal), pela Biblioteca da Câmara Municipal de Vila nova
de Gaia, a quem sempre fiquei imensamente reconhecido.
(António Figueiredo e Silva)
Lembrar o ridículo
dos acontecimentos,
é sempre
desagradável para quem os cometeu
e um pequeno alívio para quem os sentiu.
(A.
Figueiredo)
“TOURADA DEMOCRÁTICA”
Nunca
tão grande campo, foi a Praça de Touros
do Campo Pequeno, depois da liberdade extravasada após a revolução dos
cravos, - hoje mais murchos que nunca, mas donde ainda subsistem cancerosas
mazelas! - Que chegava para lá meter todos os portugueses e fuzilá-los.
Quando a
liberdade atingiu o auge, alguém teve esta brilhante ideia. Era engraçado, não
era?... Morria-se fuzilado, mas em liberdade!... Depois escrevia-se um epitáfio
- em ardósia que era mais barato – que era colocado sobre a vala comum: “AQUI JAZ O “ZÉ”, QUE COM UM SORRISO NA FACE MORREU EM LIBERDADADE FUZILADO, E AGORA
DESCANSA EM PAZ”!
O mentor
desta genial “proposta”, que não foi posta em prática porque isto ficaria
deserto e a cheirar mal, ainda hoje sobrevive à “amistosa” e enraizada cólera
de todos aqueles que acreditam na liberdade... E vive à grande e à
francesa!?... (alguns, dos seus acólitos, graças à prematura ou natural
senilidade da “plebe”, estão à frente dos altos desígnios da Nação).
Estou
convicto, que quando lhe arrefecer o céu da boca e for colocado na posição
horizontal, ainda é capaz de levar um epitáfio onde se pode ler, numa polida
pedra de mármore vermelha, em dourados caracteres… “AQUI JAZ EM SENTIDO HORIZONTAL,
UM HERÓI DO 25 DE ABRIL” (aonde alguém, maroto, acrescenta: para sorte nossa, não venceu nem convenceu!).
Não
conheço a genealogia do dono da cabeça donde trovejou tão patológico impulso,
mas, com certeza que as raízes não são portuguesas, face à raivosa vontade de
exterminação que mostrou dos seus compatriotas.
Foi sem
dúvida alguma a ideia com mais essência democrática que até hoje conheci,
expressa por “corajosas” e próprias palavras, que exortavam o povo à liberdade
absoluta (é que quando se morre a liberdade é infinita).
Ele
tinha razão, e é por isso que ainda hoje retenho na memória a Praça de Touros do Campo Pequeno, (de
concentração) aonde por vontade de um se teria feito uma “Tourada Democrática” e pela primeira vez, com a matança de “animais” nunca
antes permitida em Portugal, mas que sabemos ser do agrado dos aficionados.
Seria
liiindo!!!
António Figueiredo e Silva
Coimbra 02/06/2002
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Obs:
Foi só para recordar.
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