CONTADOR D'STÓRIAS
Não é tanto o que fazemos,
mas o motivo pelo qual fazemos,
que determina a bondade ou a malícia.
(Santo Agostinho)
CONTADOR D‘STÓRIAS
Então, “os participantes na guerra colonial, foram vilões e criminosos”.
Está
visto, que a virtude de historiar, não está presente em qualquer manêgo, por
muitos calhamaços que devore e muitas resmas de papel que escrevinhe.
O verdadeiro historiador, deve assumir uma postura
independente e manter um olhar imparcial para a narrativa do conteúdo que
investigou e/ou constatou. Se assim não for, não passa de um contador de historietas,
doutorado ou não, tanto faz, com as quais, pode mesmo chegar a embustear a própria
História, porque existem leitores e crentes para tudo, mesmo que o gato esteja
escondido com o rabo de fora.
Estes sim, podem adulterar o miolo das mesmas
a seu bel-prazer, ou colocar as suas indagações ao serviço de uma ideologia
cega que lhes afogueia a alma e lhes alivia a tensão das pulsões emocionais, convertendo-as
em manifestações de “verdades” adulteradas, que com apodrida altivez, apostam
em divulgar – não sem antes adulterar o verdadeiro sentido à descrição.
Anda
p’raí um Obelix idiota, com os “tubérculos” perecidos
a baloiçar ao sabor da elasticidade de uns suspensórios, a fazer um grande
furor e um grande ruído ´storial, sobre a guerra em África, que, no final, de
verdade pouco exprimem, porque estão intoxicados por intenções maliciosas. E a
História deve ser como a lei. Justa e clara. Não deve ser como tal, um chavasco
trabalho de artesanato, elaborado por um ranhoso qualquer que se dedicou a
decorar os argumentos e não a compreender a sua essência – mas isto acontece. É
humano. Se não é, é de besta.
Sobre
essa guerra (escusada), em África, consigo admitir pontos de vista diferentes; todavia,
azedos arrotos intencionais, que danifiquem o sentido patriótico daqueles que
por lá andaram (e muitos por lá ficaram), a calcorrear aquelas picadas e a sobrevoar
aqueles céus, onde o perigo espreitava de todos os cantos, para defender aquilo
que na altura nos pertencia, isso, já não posso permitir.
É
por isso que estou aqui, como revoltado, como defensor da própria causa e como
juiz da mesma. Andei lá, passei o que passei, vi o que vi, soube o que soube e
senti o que senti - não vou entrar em minudências.
Não
é agora que um contador de histórias de algibeira, saído da banda desenhada, de
Albert Uderzo, vem argumentar que “os participantes na
guerra colonial, foram vilões e criminosos”.
Pela
parte que me toca, apesar de conhecer bem a figura em causa, não posso admitir
que diga isso, uma vez que não passa de um pretensioso contador de ‘storiêtas,
e pouco mais, que viveu muito aquém da realidade dos factos.
As suas “pinturas sonoras”
são de tendenciosa e baixa qualidade, sendo que, com “cunhas” ou por imprestabilidade
congénita, infelizmente não “historiou” no terreno; não viu, não sentiu, não
chorou. Lamento!
Talvez a causticação do
canastro lhe tivesse desimpedido a clausura dos horizontes cerebrais e o seu
pensar fosse mais consensual e despretencioso.
Como escreveu Luís
de Camões, “Quem quer passar além do Bojador/Tem
que passar além da dor.”
Eu passei.
Porque eu fiz parte da
história, e agora é Obelix é quem a conta (à sua conveniência,
como é natural), à guisa de querer arvorar-se num exímio historiador como o ilustre
José
Hermano Saraiva; porém não passa de um triste arremêdo.
Só
sabe e sente, quem viveu a guerra.
Eu
fui um deles.
Penso
que chega.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra, 22/02/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
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