TECNOLOGIA AERONÁUTICA
A
TECNOLOGIA AERONÁUTICA
Desde que o homem pensou em voar, começando na mitologia grega com a figura de Ícaro, o constructor de umas asas feitas de penas coladas a cerume, que, - pensava – lhe garantiriam, voando, a sua fuga de Creta - voou tão alto que o calor do astro-rei lhe derreteu a cera, vindo ele a cair e perecer nas águas do Mar Egeu – até ao grande Leonardo da Vinci que fantasiou e esboçou o seu hornitóptero, passando ao padre Bartolomeu de Gusmão, que idealizou e desenhou uma “máquina voadora” - cujo sonho nunca se materializou - a que chamou de Passarola, até ao francês Alberto Santos Dumont, considerado o pai da aviação, e os americanos irmãos Wright (aqui existe uma polémica, sobre quem foram os primeiros a elevar-se no ar, dentro de uma máquina voadora traccionada por um motor). O sonho do Homem era voar.
A determinação de cavalgar nos céus,
tem-no forçado afincadamente a puxar pelos seus neurónios e fazer uso da heurística
e da hermenêutica, com vista a descobrir, estudar e aperfeiçoar os materiais
usados na construção aeronáutica, que devem primar pela leveza, flexibilidade e
dureza.
Em princípio começaram a ser usadas
estruturas de madeira, (balsa), cobertas de tela de linho; depois, armações
híbridas, combinadas com madeira e alumínio e tela; posteriormente alumínio
ensanduichado, titulado dural (duro
alumínio), que era mais resistente, leve e flexível.
Porém, à medida que a ciência
investigatória foi progredindo, assim o estudo da constituição molecular dos
materiais a aplicar foi evoluindo, e novas estruturas moleculares foram criadas,
para resistirem às forças de tracção, compressão e torção, a que uma aeronave
está sujeita, com vista a resistir à fadiga do material, um dos principais
inimigos da construcção aeronáutica, decorrentes da sua sujeição a vibrações,
seguido da oxidação, alguma provocada pela da circulação de correntes estáticas
geradas pela fricção do ar e também pela variação de temperaturas a que estes
materiais são sujeitos, que não excluem a promoção da oxidação galvânica, uma
vez que os constituintes metálicos de uma a estuctura, não têm a mesma
composição, geram entre si diferenças de potencial eléctrico, que originam a
circulação micro-correntes, que gradativamente vão transformando os metais em
óxidos metálicos, afectando as suas características primárias, constituindo
deste modo, riscos para a segurança estructural.
As variações de temperatura têm um grande
efeito na causa da fadiga do material, porque provocam contracções e dilatações
que se repercutem muito abaixo do nível molecular, e afectam, a chamada, *força
de interacção forte, que é a força que mantém a estabilidade e a coesão nuclear
nos átomos de um material, fragilizando deste modo a sua estrutura compactante.
É daqui que resulta grande parte da tal fraqueza do físico metálico, o “papão”
que mais dores de cabeça tem provocado nos estudos científicos e nos cálculos
matemáticos para que a construcção de aeronaves e seus derivados, seja uma
realidade na segurança que hoje podemos constatar.
Um dos metais habitualmente utilizados nos
aparelhos de voo, é o titânio. Devido à sua resistência ao trabalho, às variações
térmicas e de tensão, e pela sua densidade, granjearam uma aplicação bastante
activa na aeronáutica – se bem que, mais pesado do que o alumínio, está
determinado também, que é duas vezes mais resistente.
Após titãnica (não tem nada a ver com o
titânio) contenda, os experts nesta
matéria, conceberam os materiais compósitos, que vieram, não digo debelar,
todavia, atenuar-lhes parte das dores de cabeça. Foram criadas as fibras de
carbono. São de elevada resistência à fadiga, ultraleves e de extraordinária
flexibilidade - particularidades que têm conquistado a construção de tudo
aquilo que voa, e não só.
Actualmente existem aeronaves, em que a
totalidade da sua fuselagem e toda a parte alar, são fabricadas com essas ditas
fibras de carbono.
A aeronáutica é um mundo à parte de tudo.
É um universo onde criatividade e invenção se completam e germinam, mas que a
maioria das pessoas desconhece – até eu.
A primeira vez que ouvi falar e depois
constatei, o que eram ondas ultrassónicas, foi na aeronáutica. Era um dos
métodos de detecção de fracturas ou defeitos internos, em acessórios destinados
construção de aviões. Actualmente, qualquer pessoa sabe o que é uma ecografia.
A primeira vez que utilizei um aparelho
chamado boroscópio, foi para detectar
possíveis defeitos nas alhêtas das turbinas dos reacatores dos Boeing 737.
Agora, quase toda a gente sabe o que é uma endoscopia ou uma retossigmoidoscopia.
A aplicação de fibras ópticas aplicadas na
aeronáutica, foram depois direccionadas para os caminhos da medicina
convencional.
Presentemente, no fabrico automóvel, vem
embutida muita tecnologia “importada” da aviação.
As centralinas
– que são o cérebro das viaturas e do funcionamento das máquinas térmicas
que as tracionam; medidores-de-massa-de-ar, turbo-compressores, sensores
magnéticos, que vieram substituir vários modos de ligação ou interrupção
eléctricos, cervo-freios e sistemas anti-derrapagem nos circuitos de freagem,
direcções assistidas, etc.
A tecnologia aeronáutica, esteve e continua,
na vanguarda dos sistemas tecnológicos, que primam pela segurança e pelo
conforto, sendo parte dela irradiada para outras aplicações, incluindo as
relacionadas com a saúde, no que diz respeito a materiais aplicados na cirurgia,
imagiologia e outras, que de momento não me vêm à mente.
Toda
esta lengalenga, para quê?
Só para dizer que o A, E, I, O, U, que me concedeu os conhecimentos que me permitiram
“voar” no hermetismo intricado do universo da tecnologia aeronáutica, foram,
digo-o com orgulho, adquiridos na FORÇA
AÉREA PORTUGUESA e complementados com todo o trajecto que me propus a
seguir, graças a várias matérias que a minha obstinação e curiosidade natas me
levaram a estudar com sustentada dedicação e inflexível entusiasmo.
Não posso também esquecer a DETA Linhas Aéreas de Moçambique -
naquele tempo meu porto de abrigo - a Air
Rhodesia em Salisbury, Rodésia, a TAP
Transportes Aéreos Portugueses, (agora moribunda), em lisboa, Portugal) e a
Fields Aviation, em Germiston,
África do Sul.
A
todas estas “escolas”, que naquela altura, através dos seus Centros de Formação
Teórica e nos hangares, (prática), muito contribuíram para clivagem da minha
formação tecnológica e para a acumulação de conhecimentos, que ainda hoje me
permitem debater sobre a técnica aeronáutica, fiquei eternamente grato.
E, para rematar, acrescento: um Técnico da
Aviação, não se faz com trinta horas de voo agarrado ao manche de um “papagaio”.
Para ele, nem trinta anos a “mexer em parafusos, a torcer arames, a esticar
cabos e fios eléctricos, ou a bulir em circuitos transistorizados”, são
suficientes para atingir a perfeição absoluta. Para isso, é imprescindível acompanhar
a desenvolvimento. A evolução está sempre presente, e, aquele ambiciona saber,
não tem só de ler; tem de estudar e ampliar a profundidade dos seus
conhecimentos a outras áreas da física, (Newtoniana), e até áreas da química.
Não somente para memorizar, porém, para compreender.
Apesar da evolução da aeronáutica
constituir uma proeza sem precedentes da invenção do Homem para realizar o seu
sonho de voar, e ele se apetrechar de todos os cuidados e das mais sofisticadas
tecnologias para esse efeito, o limite do perigo voa paralelamente à máquina,
como o risco (red line) nos acompanha
em todos os momentos da nossa existência.
Contudo, devo dizer que as aeronaves são
seguras – quando inspeccionadas, reexaminadas, verificadas, corrigidas e
testadas, com erudição e entendimento.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
16/08/2020
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Procuro não fazer uso do AO90
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