INACREDITÁVEL MAS "POSSÍVEL"
INACREDITÁVEL,
MAS “POSSÍVEL”
(Crónica
“alienada”, para vários “paladares”)
Já pressinto que o primeiro impacto desta escrevedura com os meus leitores, face às minhas habituais “parvoíces”, poderá ser: o que é que este desmiolado, desta vez tem para expor. Se essa interrogação, porventura surgir na cabeça de alguns virtuosos em imaginação suculenta, desde já declaro, que concordo com a pertinência da mesma. Não sem antes advogar, que também tenho direito a ter os meus picarôtos de “loucura”.
Enfastiado por este confinamento monástico
a que COVID-19 me constrangeu, há raleiras transitórias onde falta a lucidez,
libertou um espaço fértil, agra em que crescem e grelam, os mais díspares
pensamentos. Muitos sem nexo algum, mas, que eu aproveito para “muscular” o meu
discernimento, opinando sobre eles, à semelhança de quem corre esbaforidamente
sobre um tapete rolante para ir a nenhures; logo, sem sair do mesmo sítio. Faz
bem à saúde mental. Fortalece-a e ao mesmo tempo, alivia tensão cognitiva.
Pois há instantes pus-me a cismar sobre um
dialogante palratório de circunstância fantasiosa, que tive com um fulano
virtual meu “conhecido”, mas mais desaparafusado do que eu, a respeito da intercomunicação
trans-global com recurso às redes sociais, que “resolvem” quase tudo nas
aspirações lunáticas daqueles que, isentos de quaisquer fronteiras de
desconfiança, interiorizam a virtualidade como sendo uma realidade.
Principalmente no poço facebookiano sem fundo e sem horizontes
definidos, “vomitam” tudo o que lhes vai
no ânimo a afrontar-lhes o caco. Desde descargas nervosas, diarreias de ódio
latentes, lamentos de afectos não correspondidos, insultos azêdos, folclóricos,
ridículos ou descabidos, queixumes despropositados, paixões suspirantes
assolapadas, desabafos de privacidade, (que pode ser prejudicial), estados de
espírito no momento, o que estiveram a manducar, os sítios onde estão ou por
onde passaram, e até, sorrisos enjambrados por medida para agasalhar com
ligeira fugacidade, o que lhes suplicia a âmago e lhes pode antecipar o óbito
do tempo emocional, etc.
Perante as perturbações provocadas por
esta “pandemia” comunicacional, - profectizava ele - não ponho de parte que
“muitos” manêgos acreditem, e até, avalizem, que é possível conceber
progenitura à distância, a partir qualquer parte do globo.
É verdade. Ele, com acentuado sarcasmo mascarado
com um sorriso trocista, disse isso. Eu ouvi aquela palermice e comecei de
imediato, como um varrido doidivanas, a pensar para com os meus botões. São
daquelas “realidades” aparentes que não cabem na cabeça de ninguém, mas têm
lugar na minha; é por isso que vou aqui tentar debulhar rapidamente o assunto,
para arrolhar a curiosidade sôfrega dos meus ledores, em face desta minha
asserção sobre a virtualidade poder creditada como uma realidade. É verdade!
Então, andemos. A qualquer “crente”
usuário fanático das redes sociais, neste caso, seguramente a sofrer de miopia
cerebral, pode ser facultada a fazedura de um descendente, à mais avantajada
distância quilométrica.
Eis como deve proceder, caso se encontre distante
da “sócia” e a vontade lhe aflore à mente: chegado à sua habitação temporária,
fatigado da labuta ou de aturar um chefe maluco, incompetente mas convencido, (hoje
há muitos) e após tomar um bom duche para refrescar e afinar as ideias, deve refastelar-se
confortavelmente, quando a vida lho permite, e, com calma angelical, e vá tragando
uma bebida espirituosa, enquanto medita sobre a questão e espera que a coragem abrolhe;
após esta alcançar o limiar desejado, efectua uma vídeo-chamada para o vizinho
de maior confiança para a cerimónia copulativa, e, com fingida plangência, “roga-lhe” para ele ir lá
a casa fazer o serviço em seu nome – decerto, inchado pela fidúcia depositada e
por outra coisa, ele irá de boa-vontade. Depois do acto consumado, e o retorno
do sucedido comunicado, espera, de cabeça baixa sob o peso “emoção”, pela nascença
do pimpôlho/a, a que naturalmente não faltará da sua alegre e curiosa presença,
minada por uma profunda ansiedade paternal.
Decorridas todas estas fases, que levam o
seu tempo, após ouvir o primeiro gritinho de heureka para vida, libertado pelo novo ser, se este lhe apresentar
quaisquer singularidades cromáticas ou nas aparências físicas, que o façam “desconfiar”
não ser sua a criação, manda proceder a um teste de paternidade, (hoje é
possível) através do código de ADN, cuja precisão está estabelecida em 99%,
sendo que, a incerteza no 1%, é para as quebras – em tempos idos, houve muitos
pais de filhos dos outros, que não tiverem esta chance.
Em função dos resultados cientificamente
obtidos, fica esclarecido do que já há muito devia ter conhecimento da distinção
entre a realidade e a virtualidade.
É simples, não é? Inacreditável, mas “possível”.
(?!).
Acho que meu “conhecido” tem razão.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 19/08/2020
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
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