UM TORDO ATORDOADO


A astúcia de toda atitude, revela as informações
 de mentalidades opostas à realidade comum.

UM TORDO “ATORDOADO”

Sim, o "Tordo" tem razão, mas só em parte da sua virtuosa e “musicalizada” reflecção, “O país está irrespirável…” isso é verdade.
O sobejo da citação já não congrega uma realidade, porém, faz parte d’uma partitura choramingueira, empalhada de interesses pelas “azeitonas” - também em crise, nos olivais dos cofres do Estado.
No último Inverno, um “bando” devia ter andado na caça furtiva do fruto das olivas, certamente encabeçado este elemento, que deve ter apanhado alguma chumbada na tola que o deixou atordoado, decorrendo daí o seu estado de indignada lamúria oportunista – é observável.
Estou repleto de compaixão pela sua situação de “penúria respiratória musical”, mas não consigo refrear o meu parecer, que anda por aqui a cavalgar á toa, e já passou da minha cabeça para os intestinos; que meta a viola no alforge e vá dar música a outros.
Compreendo que os músicos em Portugal até se encontrem em situação aflitiva (relativa) no entanto, quando a batuta não se movimenta ou o teclado do piano ganhou teias de aranha, há muito terreno para semear trigo no Alentejo ou batatas em Trás-os-Montes. Á fome ninguém morre, porra!
A esta passarada, amante dos olivais que não trata, certamente que nunca lhe passou pelo caco que a história da d’A Cigarra e a Formiga pudesse ser concretizável. Mas foi. E será sempre.
Então resolvem organizar estes estes “bandos”, de onde sobressai sempre um tordo esvoaçante mais esperto, p´ra sacar mais uns cobres ao erário público, recorrendo a uma exteriorização com acentuado destaque do o seu desalento esponjoso, que visa, tão só e apenas, o garimpo de mais uns proventos que lhe possam garantir o papo cheio, a forma de viver a que estavam habituados. Certamente lauta.
É incontestável que a época é de severa crise e Portugal chora; só faltava assomar um grupo de “tordos” barulhentos para azucrinar-nos os tímpanos. Os portugueses já têm muita coisa que os distraia; ou antes, que os preocupe e ocupe. Já têm muito por onde diluir as suas parcas posses. Já chega de dores de cabeça – eh, este “chega” não tem qualquer configuração política.
Tanta falta de apetrechos para acudir a esta “GUERRA” BIOLÓGICA que está a dar cabo das vidas de tanta gente, e vem a Sra. Ministra da Cultura, abonar estes entretimentos atordoados, em vez de investir o dinheiro noutras coisas com mais prioridade, que possam ajudar a salvar a vida dos cidadãos em situação de risco.
Os portugueses já têm música de sobra a atordoar-lhes os tímpanos.
Meu conselho:
O Sr. Tordo, se se sentir muito enrascado, coloca um chapéu de palha (muito usado) a cobrir a mioleira, já um bocado descascada, agarra na viola, amontoa todo o grupo e arrasta-o consigo para a Praça dos Restauradores ou para a Feira da Ladra e lá pode fazer vibrar o cordame em consonância com os ruídos laríngicos da equipa, que, unidos, certamente irão granjear algum gravêto, p´ra manter a vidinha que sempre tiveram. Ah, no regresso, que não se esqueçam de passar pela celebérrima GINJINHA e emborcar meia dúzia com elas. Esta terapia ameniza o estado de espírito inspira a melodia.
Mesmo não percebendo nada de música, bem sei que a “música” é outra!? Malandreco/s!

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 11/04/2020


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