TER OU NÃO TER...
Não existe o
direito à vida sem o direito à defesa da vida.
TER
OU NÃO TER…
HABEN
ODER NICHT HABEN ...
TO
HAVE OR NOT TO HAVE ...
Иметь
или не иметь ...
Um
dia destes vi um inserto frásico que assim lavrava: “Dizer que não precisamos de armas
porque temos a polícia, é o mesmo que dizer que não precisamos de extintores
porque temos os bombeiros”.
Achei bastante piada à frase, pela sua coerência
racional, que nada perde, por ser uma boa questão. Uma observação pertinente,
com que há muito me venho a interrogar. Não ficarei satisfeito, como tal, se
não descarregar um “pente” ou um “tambor” completo de palavras, a respeito da
tal permissão de uso e porte de arma, tão restringida em Portugal.
Nunca consegui compreender o motivo dessa
asfixia, uma vez que não há falta de armas para alcançar o mesmo objectivo,
ainda que por linhas diferentes – tem-se visto. Considero que as “armas” mais
perigosas são aquelas que estão armazenadas nos paióis das cabeças criminosas. Muitas,
possuem tal calibre de engenhoquice e imaginação, que não necessitam de recurso
a armas de fogo para concluírem o que lhes aferventa o tino, no momento de
executarem as suas “gloriosas” malignidades.
É manifesto que não estarei de acordo em
que seja concedida licença de uso e porte de arma de fogo, a qualquer destravado
badameco; porém, no meu entender, é que a todo o cidadão de boa índole, lhe
devia ser facultada essa concessão - se ele o desejar – para sua defesa e dos
seus, caso possa vir a ser de necessário – nunca se sabe!? É um direito que lhe
devia assistir; a defesa da própria vida, em situações de ameaça da extinção da
mesma.
Então vai uma pessoa descansada a passear
na “azinhaga”, aparece um mamífero qualquer com uma arma na mão pronta a
disparar, “bota p’ra cá o que tens”, saca-nos
tudo, pondo-se na alhêta e deixando-nos depenados do pouco ou do muito que até
ali nos pertencia. Não acho bem.
Quando o sol já há muitas horas
desapareceu no horizonte e nos encontramos a dormir a sono solto, e, subitamente,
alguém entra nos nossos aposentos e somos acordados – quando somos - por um ou
dois macambúzios que não conhecemos de lado algum, a “salivar” exigências - normalmente
de bens materiais - que muitas vezes só existem na piolheira deles, e ficamos interditados
de fazer algo em nossa defesa, perante o risco letal que no momento de nos depara.
Damos-lhes com os travesseiros ou com os chinelos? Não está certo.
Estamos no nosso estabelecimento ou dentro
da nossa viatura, somos surpreendidos por uns canalhas quaisquer, que além de
quererem limpar tudo, também estão prontos para nos limpar o sarampo e nós
somos obrigados a permanecer “serenos” e impávidos, com aterrorizada expressão,
a ver sumir o “marfim” do nosso suor. Não, p’ra mim também não vale.
No que diz respeito ao uso de armas de
fogo, este entendimento proibitivo, não se resume somente ao cidadão comum;
estende-se também às forças de segurança, que, com a canhota no coldre, como
uma perdiz dependurada à cintura e muitas vezes com razão para a utilizarem,
acabam por serem agredidos, espancados e atingidos, com uma bala “perdida”
vinda das mãos criminosas do próprio agressor. Sei que lei é lei; embora tenha
de a cumprir, nada me obriga a concordar.
O certo é que quando se mete nos miolos de
algum macambúzio (que são mais do que as mães), mais avariado da cornadura, em
fazer justiça pelas próprias mãos com recurso a um balázio, encontra sempre um
candongueiro que a troco de uns cobres, lhe a arranja o “canhão” e tem o
problema resolvido.
De uma forma ou de outra, se tiver de o
fazer, fá-lo-á sempre e está-se borrifando para a licença do gatilho.
Quando alguém mostra disposição em limpar-me
o sebo, se eu não tiver uma arma comigo só tenho uma chance, que é, morrer.
Contudo, se eu tiver uma arma ao meu alcance, já tenho duas oportunidades; ou
mato ou morro. Se tiver tempo, optarei pela segunda, com autorização ou sem ela.
O resto, depois se verá.
É evidente, que não serei de acordo em
fazer do território nacional um “far west”,
mas sou da opinião de que não deve ser dificultada ou negada a licença de uso e
porte de arma àqueles que, depois de cuidadas indagações, comprovem ser pessoas
de espírito comedido, cauteloso e não chanfrado da cachimónia.
É de observar que aqueles “moralistas” que
restringem a licença de uso de armas de fogo, quando saem da lura, levam sempre
“capangas” bem aramados. Isto provoca-me comichão no couro capilar.
E, para todos os que são de conceito
contrário ao meu, se alguma vez seu espaço for entrosado por um desmiolado
qualquer, de arma em punho, com exigências malucas, que o questionem para que é
que ele precisa da arma e depois ouçam a resposta – se estiverem em condições
de a escutarem, como é óbvio.
Parto do princípio que uma arma de fogo –
como qualquer outro engenho de defesa - só é perigosa se for usada para fins descabidos.
Por isso, a sua concessão devia ter mais abertura.
Pelo sim e pelo não, em situações de
perigo de vida, é preferível ter um gatilho da mão, do que uma almofada ou uma
soca.
António Figueiredo e Silva
Coimbra. 29/04/2020
Nota: não uso o AO90
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