A INTENÇÃO
As doenças são os resultados não só dos nossos atos,
mas também dos
nossos pensamentos.
A INTENÇÃO
(Para todos os “Irmãos” da Congregação
“Quarentina”)
Estamos
no período pascal. Em muitos lugares da terra, existem populações com costumes
próprios e exóticos, e usam diversas formas de festejar esta época, que para determinadas
criaturas se reveste de enrugada veneração, perante alguns credos.
Há
lugares no mundo onde os povos levam este dia muito a sério e festejam-no como
se fosse o último, não abdicando, como é sabido, de atulhar o seu bandulho com chicha
caprina ou ovina, regada com boa “pomada” – que agora, alguns “alquimistas” argutos
também fazem com água. É o dia de
Páscoa.
Esta
época festiva, que para diversas pessoas é de extrema alegria, e, para outros,
uma forma encapotada de arrecadar mais uns vinténs p’ró bornal.
Também
há quem não aprove, e assim, não festeje; mas isso é com a crença, o apetite e
as possibilidades de cada um - não tenho nada a ver com isso.
Estou
cá a pensar, (por enquanto, penso que ainda cogito), que há aqui uns
desafortunados que não devem gostar muito deste período, porque lhes é imposta
uma pena capital colectiva, marcada por uma massiva degolação, com laivos “inquisitoriais”
- tem que ser, e pronto. As vítimas são os caprinos e os lanudos (ou lanzudos).
Na verdade,
os ventos da temporada pascal, para esta “gadagem” carregam no ventre um grande
azar. São condenados à degolação sem dó nem piedade, muitos deles ainda em
idade de cabriolar, para saciar a satisfação “mórbida” do apetite triturador
humano e a sua predilecção pelas “carnes tenrinhas”, macias e suculentas.
Tenho
observado que os seus “amigos” productores, criadores com muita “ternura”,
estão enrascados com a deportação destes animais para os sítios de matança; o
seu escoamento não se tem verificado com é usual nesta época do ano, por causa
da pandemia que por aí anda esparrinhada e tem forçado as pessoas um
recolhimento conventual, que, apesar do aborrecimento que provoca, também induz
alguns benefícios.
Pelo
menos, possibilita-lhes realizarem uma introspecção para aferir consciência ou,
se dela forem desprovidos, para pensarem, com tempo alargado, na maneira mais “airosa”
de poderem lixar o parceiro, tão depressa a crise termine. É uma óptima habilidade
de matar o tempo de “reclusão, e, se depois da crise, aparecerem alguns desacautelados,
é chegada a altura de aplicarem com “distinção” e perícia, toda a sua
“sapiência”, e… zás. Choupa entre os cornos. Aguenta Zé.
Por
outro lado, há seres que devem sentir-se satisfeitos com este estado
catastrófico, que certamente irão aproveitar para justificar muitos erros
desagradáveis, por deliberações mal tomadas e ideias mal concebidas.
Entre
eles estão aqueles que também elogiam a festança não com um lampejante discurso
aclamado por um hipócrita bater palmas, mas através de um sincero e inocente
bater de cascos, em sinal de contentamento por verem o seu “gorgomil” afastado
da lâmina da “naifa” – por uns tempos. Esses seres, são, a carneirada. Parece
que estou a vê-los a saltar e a dar mééés, de contentamento.
Naturalmente
que todos, pertencentes à carneirada ou não, devem estar a reflexionar, “há
males que vêm por bem”.
De
qualquer forma, “irmãos da vida monástica”, que estais em “quinzentena” – até
ver - esqueçamos a “carneirada”, e
vamos continuar com o nosso espírito de clausura e meditação, a ver se
conseguimos interiorizar que a vida tem um valor fátuo, como tal, relativo –
muitas vezes não aquele que lhe queremos dar.
Com
é nosso dever zelarmos uns pelos outros, continuem a conservar o tino e a
manter o enclaustramento, para o bem de todos, e, consequentemente, de todo o
Mundo.
E
porque é quadra pascal, a todos vós, mesmo àqueles que se encontram nas partes
mais recônditas do Globo, DESEJO UM DIA DE
PÁSCOA REPLETO DE ALEGRIA – se mais não puder ser.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra, 10/04/2020
Nota:
Ainda resisto ao AO90
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