OS DOIS PAPAGAIOS
Os
políticos são a mentira,
legitimada
pela vontade do povo.
(José
Saramago)
OS
DOIS PAPAGAIOS

Um, com a penugem enlameada pela
brilhantina, palra mais descontraidamente – apanágio do alfacinha – e propõe-se
a fazer tudo o que de bom houver – é preciso que o deixem – para transmutar,
num futuro próximo que nunca virá, a vivência aperreada dos portugueses num
paraíso sem precedentes. Não sei, vamos lá a ver; este, segundo apregoa, é
mestre em obras e desempenado nas ladainhas.
O outro, também não se fica atrás; com
toda a simpatia nortenha que lhe é peculiar, plenamente compenetrado de que pode
vir a ser o salvador desta quinta mal governada, rebusca no seu alfarrábio memorativo
uma série de trapalhadas que com fina arteirice catapulta cá para fora, numa
tentativa se calhar frustrada, de derrubar a reputação do seu contendor que já
teve o trono nas mãos e não o soube segurar.
Também não é mau a tagarelar e baliza
bem a orientação política que lhe rumina no consciente, - poderá sair-lhe cara
- que se reflecte na intenção de apoiar o governo minoritário do PS após eleições
futuras. Além disso, no seu elenco, tem lá elementos que não gostam mesmo nada
da “Peste Grisalha” (a velhada) que vem contaminando a nossa terra,
com graves consequências para o abalo telúrico do erário público, já de si mal
administrado – cuidado!? Não sei se teria sido uma boa a escolha a sua!?
São as tais trapalhadas que vêm mesmo
atrapalhar a vidinha a quem não as deseja, mas que por falta de sagacidade ou
rotação do destino, enfiou a cabeça no garrote.
Porém, como ambos se alinhavam com as
linhas da mesma doutrina, apresentam propósitos idênticos, amigavelmente
arranham-se com luvas de boxe – argumentam que na política é assim - e querem
comer da mesma manjedoura, p´ra mim, tanto se me dá, como se me deu; que venha
o Diabo e escolha.
António Figueiredo e Silva
Coimbra,12/01/2018
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