GÓMITOS DE REVOLTA
Qualquer
idiota pode ser jovem. (…)
É
preciso muito talento para envelhecer.
(Millôr
Fernandes)
GÓMITOS
DE REVOLTA
Eu sei que faço parte dessa “PESTE”, que
actualmente turva o leite daquela que foi e ainda é, uma boa vaca leiteira para
muitos mamões parasitários e sem escrúpulos, quando eu podia dar o litro para
mim e para eles. Eu sei!
Agora, para os seus descendentes, que
foram criados com fartura de tudo, menos de educação e que dominam todo o
estado social e económico desta terra árida e falida intelectual e
materialmente, nós somos um estorvo. Eu percebo!
Percebo, compreendo, mas não aceito essa
desprezível conotação, porque é contra os meus princípios, contra a minha
maneira de ser. Afinal isto continua com a mesma cegarrega, e, como cantava
Zeca Afonso, “dançam a ronda no pinhal do rei”. Para os grandes há impunidade
mas não há ordem e para os pequenos há grilhetas e não há respeito por eles. É
evidente que sem ordem, não há princípios e sem estes, não pode haver estima.
Nós, a “PESTE GRISALHA”, somos uma
grande “manada”, não somos? Somos um pesado fardo, não somos? É por isso que a
culpa é nossa, e só nossa, não é? Vendo bem, talvez assim não seja; se no meio
de toda esta “incomodativa manada” tivesse havido alguns que no reconhecimento
das suas defeituosas propriedades genésicas, houvessem preferido a masturbação,
certamente que agora, por alguns dos seus descendentes, imberbes e de tino
infantilizado, não seríamos titulados de epidemia nacional.
Era possível que a nossa administração
fosse mais austera e mais justa, não permitindo que as rapinagens e negociatas
fraudulentas, feitas sem rei nem roque, tivessem encontrado guarida neste
pequeno rectângulo que integra a Península Ibérica. Tudo, chegaria para tudo,
até para acudir à “PESTE GRISALHA”; respeitando-a, cuidando dela com afecto,
ajudando-a a suportar com serenidade e mais contentamento os últimos dias que
lhe restam antes de serem catapultados para o além.
Mas tudo isto tem funcionado no sentido
inverso: as falcatruas continuam, somos mal governados, o carinho pela velhice
anda pelas ruas da amargura e julgam-nos carentes de tudo… até da foice
sinistra da eutanásia.
Eu entendo, os estúpidos desejam, os
cangalheiros ambicionam e os administradores do erário público agradecem.
António Figueiredo e Silva
(O CONDENADO)
Coimbra, 30/01/2017
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