O PROFESSOR
Esta serradela já foi ortografada há nove
anos
e nem por isso envelheceu, graças à
“hiperactividade” degenerativa carente de
uns tabefes
– controlados, como é óbvio.
A. (Figueiredo)
O PROFESSOR*
É certo que
não vou aqui andar feito Diógenes, com uma candeia na mão, à procura daqueles
que merecem ou não estas palavras, mas reconheço no entanto, que muitos não são
dignos delas, mercê da sua marreca pedagogia e da sua postura em relação aos
alunos, originado que estes, por um lado não compreendam o que lhes é
transmitido, e por outro tomem o freio nos dentes e se apossem de um
desregramento que atinge os limites da razoabilidade.
Podem
juntar-se todos os psiquiatras e neurologistas, sociólogos e assistentes
sociais, numa tentativa vã para justificar o injustificável, porque as suas
bonitas teses, vazias de conteúdo, nada justificam; antes pelo contrário
agravam mais a situação de insubordinação e a falta de respeito que actualmente
se vive nas instituições de ensino, desde o primário até à universidade, onde o
desrespeito abusivo é um facto dos nossos dias, cujas provas são de total irrefutabilidade.
Não venham os
“entendidos” dubiamente armados de puritana compreensão, porque não foi neles
que o “arganel” foi introduzido, imputar as culpas de tudo o que tem vindo a
acontecer nas instituições de ensino, onde o professor é por vezes vexado e
agredido, à descriminação social e à instabilidade familiar, porque isso, para
além de ser caricato, só vem dar força aos novos energúmenos em fase de
germinação e impulsionar os que já o são, a fazerem pior.
Ainda há bem
pouco tempo numa das minhas crónicas, mencionei uma frase de Nietzch, “o medo é o pai da moral”. O facto é
que hoje ninguém tem medo e por isso a moral está decadente. Se os puritanos da
filosofia do entendimento, nas suas intervenções televisivas e escritas,
procuram justificar todas as atitudes dos desvios de personalidade que originam
pulsões nefastas nalguns elementos constituintes da nossa sociedade, então é
lógico que acabem de vez os castigos, porque ninguém faz nada de bom ou de mau
sem uma razão de causa. Assim sendo existe uma equivalência absoluta entre o
bem e o mal. Neste caso, que reine a anarquia. Mas que o resultado dessa mesma
anarquia ataque incisivamente aqueles que a defendem, que eles mudarão de
ideias a curto prazo.
O problema
actual existe por causa da existência do “culto” à impunidade, onde fiéis
crentes tudo compreendem, ou fazem por isso, porque as coisas não se passam com
eles, e por outro lado têm um posto de trabalho a assegurar; eu compreendo-os,
todavia não concordo com as suas alegações!?
Actualmente quem
dá o pão, já não dá, ou não sabe dar a educação e por vezes nem uma coisa nem
outra. Contudo, isto não deverá ser motivo para justificar a isenção implacável
do castigo sem qualquer condescendência, que evidentemente deverá obedecer não
só ao delito cometido, mas também a uma série de antecedentes que normalmente
precedem a sua eventual consumação.
As instituições
de ensino, no que respeita a comportamentos, são em parte a continuidade daquilo
que no seio familiar é ensinado, não descorando porém, que independentemente
disso, cada um também sabe o que é bem e o que é mal.
Agredir um
professor ao ponto de o mandar para o hospital, como recentemente aconteceu!?
Na minha cabeça, esta atitude não tem lugar para desculpas. No meu tempo,
atitudes menos “poluentes” do que esta, resolviam-se com duas ou três chapadas
no cangote, dadas por um Director ou até mesmo por um professor, que até davam
para ver a Ursa-Maior; e chegado a casa, se apresentava queixa comia mais duas
ou três. Era assim que as coisas andavam direitas.
Presentemente,
com toda a compreensibilidade doentiamente vivente, não é permitido puxar a
orelha ao menino porque ele fica traumatizado e o professor é condecorado com
um processo disciplinar por agressão indevida. E os pais, todos contentes, de
mãos dadas com as leis governamentais, até alinham na fita do menino, ajudando
a linchar a autoridade do professor, esquecendo-se de que país com ensino
defeituoso e onde não existem regras é país com espondilite anquilosante
cívica, que lhes servirá de futura enxerga onde jamais conseguirão descansar a
consciência do seu poroso esqueleto.
António Figueiredo
e Silva
Coimbra
30/03/2006
www.antoniofsilva.com
*Não sou professor, nunca o fui, mas
compreendo as razões da sua desmotivação.
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