Ai
de mim, se algum dia deixar de usufruir da
competência
de me amotinar contra a falsidade
e a adulteração da razão; realizem o hipócrita
ritual fúnebre e procedam à minha incineração,
porque
estou liquidado.
(A.
Figueiredo)
OS
CARRAPATOS
(Um
pouco de carrapatice biológica)
Esses
“pequenos” animaizinhos artrópodes, da classe dos ácaros, de epiderme constituída
por quitina, elemento este, que lhe
confere uma óptima armadura e lhes possibilita, além de uma desmedida
resistência exo-esquelética, também uma boa aclimatação, acobardada mas
maliciosa, a todas adversidades “climáticas” que se lhes deparem.
A sua coloração que pode ir do negro
passando pelo cinzento ao castanho dourado, e o seu objectivo é passarem a puta
da vida a chupar-nos o sangue depois de nos terem anestesiado com os seus
discursos ignificados de prometimentos que não têm cumprido e de uma esperança
que se tem esvaído à nascença; mas têm conseguido manter a sua laboração plena,
com consequências desestabilizadoras da nossa tranquilidade.
É hora destes parasitas zarparem do
couro do povo português, já tão sofrido pelas mazelas provocadas pelas suas
picadas. Provavelmente oriundos da Índia, onde, segundo se consta, são aos
montes e das mais variadas espécies, - mais de oitocentas – devido ao contraste
do clima; húmido e sêco.
O certo é que, desde que alguns
embarcaram de mansinho nas caravelas portuguesas, quando Vasco da gama andava
por aquelas bandas a coçar a sua zona testicular, nunca mais nos deixaram em
paz.
Há-os há muitos anos aninhados no nosso
pêlo, por todos os cantos do nosso costado, a saciar a sua insaciável determinação
de hábeis hematófagos, glutões de sangue, seu vício geneticamente enraizado.
Alguns já fazem parte de uma “elite”
carrapateira, no seio da qual comungam dos mesmos vícios e das mesmas ideias,
ainda que falseadas, com carrapatos de outros géneros mas de idêntica índole; confortavelmente
acocorados em meia-lua e regulados por um carrapato palerma, dali destinam qual
a fatalidade que irão dar às nossas artérias e quais as que calham a cada um
deles para chuchar até à exaustão, a última gota do líquido vermelho que nos dá
vida.
Carrapatos asquerosos, perigosos,
repugnantes, limitados na inteligência e por natureza licenciados em sacanice,
têm sido muito piores do que a sarna; porque, a escabiose ainda tem uma terapia
rápida, mas os carrapatos são de difícil extinção.
Isto
porque, além da sua proliferação ser grande, quando se agarram não largam, e,
com excelente e bem aparafusada obstinação, protegem os afectos ao seu
semicírculo, bem assim como outros parasitas, ainda que, apesar de diferentes,
com eles mantenham boas relações de ”amizade”, nem que esta seja por
conveniên
cia.
Torna-se imperativa a sua caça.
“É preciso cortar-lhes a cabeça”, ou…
puxar-lhes as rédeas e refrear-lhes a andadura.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 20/10/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário