QUANDO RACIOCINO DE “CANHOLA VAZIA”


 Falta de ocupação não é repouso;

uma mente vazia, vive angustiada.

(William Cowper)

 

 

QUANDO RACIOCINO DE “CANHOLA VAZIA”

 

    De vez em quando, acontece. O meu pensamento entra em zig-zag e gera-me alguma dificuldade no desencadeamento do meu glossário e na disposição e organização vocabular, que detêm enorme influência no apelo à atenção do leitor, para   a interpretação e análise do articulado. Parece que não, mas isto são motivos que instigam à continuação da leitura ou desistência da mesma, por saturação ou desinteresse.

Apesar das voltas que tenho dado ao miolo, ainda não consegui concluir o porquê deste acontecimento. Forma-se um redemoinho de palavras e ideias, que, com muita rapidez vão tropeçando entre si, e criam uma fusão de tal corpulência, que embaraça o meu sentido de caligrafar.

O que para mim demoraria trinta ou quarenta minutos, pode prolongar-se por horas, interpoladas por largos minutos de repouso, sempre acompanhado por um zumbido no ouvido direito, que, com irrefreável persistência, embirra em fazer-me companhia. O sacana do maestro que o rege, não para de bambolear a batuta, e me dá descanso.

Esta situação é muito exasperante; provoca um vincado sentimento de repulsa que tende ao desencadeamento de uma revolta interior; esta tempestade, por sua vez, ainda vai auxiliar à dissipação do traçado na minha linha organizativa de pensamento.

Caramba, que esta “jorda” não é fácil de suportar!

Depois de muito meditar, (às tantas sem nada pensar, sei lá!?), arranco uma ténue conclusão de que poderá ser da velhice, - facto do qual me recuso a convencer -, não obstante eu reconhecer que sou velho, (e “ranhoso”, ainda por cima!), mas suponho que ainda não estou doido-varrido, - percebi já vim ao mundo com esse talhe.

No meio de tudo isto, existem diversos factores que julgo muito me terem auxiliado em várias vertentes, para que eu, neste momento, ainda possa estar aqui, se não mais, a para abrir a porta da minha gaiola emocional e dar asas à digressão. Foram:  a minha obstinação, curiosidade, (não em saber da vida dos outros), sêde de questionar e contestar, se necessário se tornar.

Se não fossem essas cinco características, certamente que eu estaria esticado sobre uma cama ou encostado a um canto qualquer, meditabundo e macambúzio, a pensar no pior; por entender que não seria a melhor maneira de mastigar o tempo, mesmo com a cabeça “vazia”, optei por redigir aqui estas “larachas”, que, muito embora não primem pela piada, estou certo de que algumas ilações, delas hão de arrancadas.

Agora, já me sinto mais aliviado!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 10/08/2025

 

Nota:

Não uso o AO90.   

 

  

  

  

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