PIOR DO QUE AS CHAMAS, É A DRAMATIZAÇÃO PRESUNÇOSA

 

Os tempos primitivos são líricos,

os tempos antigos são épicos,

os tempos modernos são dramáticos.

(Victor Hugo)

 

PIOR DO QUE AS CHAMAS, É A DRAMATIZAÇÃO PRESUNÇOSA

 

Se são dramáticos, que são, há que criar formas tendentes à sua diminuição.

Quando o palavreado sobre uma catástrofe é pretensioso, converte-se noutro cataclismo de maiores dimensões, do que os factos que ao palratório televisivo deram origem.


Não há nada pior, do que justificar ocorrências catastróficas, com pareceres que visam acentuar mais o drama e a dor de quem sofre com os resultados acontecidos. Inflam as suas conjecturas por forma a dar-lhes tanta proeminência, que a tragédia se pode assemelhar ao bíblico Armagedão.

Fico deveras estupefacto, ao ouvir as análises de (“garbosos comandantes” e outras identidades de gabinete), peritos, ou com conhecimento em sufocação de labarêdas, e as proibições governamentais que foram tomadas à pressa, sobre esta tão real, melindrosa e dramática matéria.

Nada do que os “ilustres comandantes” argumentaram, e as concomitantes medidas que pelo Governo foram tomadas, irão diminuir os incêndios nas nossas. A meu ver, não passam de visões astigmáticas, onde a verdadeira realidade não penetra.

Como se já não bastasse os incêndios para “incinerar” o sossêgo emotivo daqueles que por perto deles habitam, aparecem então os, não analistas, mas dramatizadores, com ideias, que a meu ver, não fazem sentido; porque que não vão resolver o problema incinerador. Mas, fazem-no crescer de tal forma e com tanta ênfase, que até dá impressão que o Céu vai derribar.

Argumentam sobre os fogos de artifício, – que sempre existiram, e as florestas também -, alegando que constituem um desrespeito pelas vidas que se debatem no apagamento das chamas; defendem não passar com tractores ou máquinas similares pelos bosques – que também sempre andaram, e não havia incêndios como actualmente se vêm; não usar maquinaria com lâminas nos matos ou onde exista arvoredo – certamente que as florestas vão ser limpas à cacetada ou com recurso a rebanhos de cabras; não fazer queimadas de resíduos, mesmo que não sejam feitas no interior dos matagais, - que sempre se fizeram e nunca apresentaram um risco de deflagração incendiária, como tem vindo a acontecer e a aumentar na actualidade.

Enfim, arrazoam tudo o que lhes está ao alcance, para defender com acentuado dramatismo e uma determinada vaidade, a sua causa, - que acho bem. É de direito cívico, que todos devemos ter o direito a isso – até eu, que estou p’ràqui a arengar.

Contudo, a nenhuma destas “personalidades de suma importância”, ocorreu uma única palavra acerca do essencial: A CRIAÇÃO DE LEGISLAÇÃO CONTRA OS PIRÓMANOS.

Se um dia, este meu conceito se converter em realidade, e a sua aplicação for dura, e irremissível, - não só em Portugal, mas em todo o Globo -, o deleite do piromaníaco, procedente das florestas flamejantes, abrandará.

Tenho a certeza.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 03/07/2025

 

Nota:

Não uso o AO90

 

 

 

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