FRASES, PALAVRAS OU “PALAVRÕES”
um meio de comunicação,
mas um espaço de identidade”.
(Fernando Pessoa)
FRASES, PALAVRAS OU “PALAVRÕES”
Pode a minha apreciação arredar-se da simpatia, porém, tenho por interessante, escrever sobre este assunto.
Quem não gostar da palhada,
escusa de escoucinhar, contudo, sem perder o direito de barafustar.
No que diz respeito à
língua portuguesa, que é possuidora de uma grande amplitude lexical, eu, no
espaço da minha relactiva ignorância e dentro do meu parco saber, sempre caprichei
pela sua pureza; embora também cometa erros de palmatória – bem, mas eu não sou
doutorado, nem, com a provecta idade que tenho, disso alimento qualquer
aspiração.
Porém, o que me leva a
redaccionar este articulado, que nada tem de bajulador, contudo, de
condenatório, é fruto das inúmeras observações que tenho dedicado, a ouvir alguns
fala-barato nos noticiários, entrevistas ou conversas de peixaria, lançados
nos diversos canais das nossas televisões. Até os que badalam ou escrevinham no
rodapé, se esquecem de que estão a falar para milhões de portugueses, - e as “cavaladas”
também influenciam. A repetição contínua, configura catequização.
Bou aqui botar, algumas pérolas,
lançadas por muitos idiotas a coberto de um canudo, cuja utilidade apenas lhes serviu
para ver Braga:
- Eu acho. Utilizam
esta mulêta, sem terem encontrado nada.
- O que tanho a dezer.
Outra parolice, por sinal risível, de muitos intelectuais.
- Támem penso assim. Esta é de matar! Bocábulo muito em
voga.
- Ofecial Melitar.
Uma frase merece um loubor, com direito a uma medalha de cortiça.
- Teatro de guerra,
teatro de operações, em cima da mesa. São de repetição constante, que nauseiam
quem ouve este rame-rame.
- Num bou desestir.
Também já oubi disto.
- Aham! Enfim… é,
como debe ser. Já muito polidas pelo uso, quando a dicção fracassa.
- Linhas vermelhas.
Frase bastante utilizada, por volatilização dos termos: fronteira, limite,
extremo, baliza, etc.
- Muito importante.
Que por vezes nem tem importância alguma!?
- Na minha interpetação.
Esta é de recorrer a um fonoaudiólogo.
- Efectivamente. A
frequência deste vocábulo, já fatiga!
- Acôrdos. Se na
minha 4ª classe eu assim pronunciasse, tinha direito duas palmatoadas, para mundificar
as mãos e abrir a mioleira.
- Fabricação,
contratação. Uhu! Já tinha que “oferecer” a palma da minha mãozinha à
professora.
Muito mais matéria
haveria para bojardar, mas bou quedar por aqui; não sem antes
referir, que é preferível um punhado de palavras bem pronunciadas, do que um
cesto de vocábulos incorrectos.
Agora, quem não apreciar,
que bá dar uma bolta para apanhar ar fresco na mona, que
muito ajuda a abrir a mente.
E para concluir, faço
questão de relembrar aos idiotas e aos pseudo-intelectuais, que, A LÍNGUA É
A ALMA DE UM POVO.
António Figueiredo e
Silva
Coimbra, 31/07/2025
Nota:
Não uso o AO90
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