"LADO DE LÁ"

 

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.

Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã;

portanto, o hoje, é o dia certo para amar, acreditar,

fazer, e, principalmente, viver.

(Dalai Lama)

 

“O LADO DE LÁ”

 


    Sim, é verdade. O outro lado subsiste; não sabemos é onde ele se situa. Credenciamos, porém, que existe o lado de cá, porque somos aspergidos por sensações e instintos, que veem das profundezas do nosso ser e nos levam a acreditar, que só quem raciocina e se apalpa, é que existe.

Em paralelo, um distinto elemento que prova a existência de outra dimensão, é precisamente esta em que vivemos; porque, para que um lado manifeste a sua presença, tem de haver outro subjacente que o suporta. Não interessa como ou aonde; mas a verdade que é ele tem que existir. Mesmo perante as diversificadas investigações científicas, nada existe sem duas vertentes, seja em que condição for.      

Viver depois de morrer ou morrer para não mais viver, são dois polos que, mesmo depois de uma análise bem anatomizada, vão derrocar na imponderabilidade do antagonismo. Isto porque, até hoje, apesar de todos os avanços científicos, não subsiste uma condição concreta e consistente, que assuma qualquer das duas variantes.

Mas, colocando o conhecimento de lado, não é de excluir que tudo depende da configuração como cada um vê, e/ou vivencia, o Espaço Universal no qual vagueia e dele faz parte, (senão é ele mesmo).

 Como craveira, podemos fazer uso da nossa reduzida pequenez, para facilmente nos certificarmos da sua incomensurável dimensão e das consequências que a cada elemento do seu Absoluto está imposto, para que a vida, de uma forma ou de outra, prossiga com o abrolhamento da sua existência, indefinidamente.

Se com as gavinhas da persistência aprofundarmos ou com o poder da imaginação dermos asas à nossa mente, evidentemente com alguns conhecimentos coadjuvantes, podemos concluir que, no Universo, a inercia não existe. Tudo vibra, tudo se degrada e tudo se transforma. O reboliço, apesar da sua realidade, é inopinado e imparável. Obtém como original propósito, - penso -,    e único benefício, a Renovação Cósmica; ainda hoje enigmática, porém de inegável realidade, que é a Vida. Se esta desaparecer, o que poderá restar? NADA.

E cá temos o mistério do Início da Existência, que representa, do nada produzir alguma coisa. Neste caso, a construção de todo o Cosmos; que pulsa de Energia Vital, sob rigoroso diapasão, ao compasso do qual, tudo se movimenta.

É muito difícil, senão impossível, estabelecer uma fronteira entre a vida como existência e a morte como continuação dessa existência, embora noutra dimensão. Não obstante saibamos que ambas são fiéis amantes entre si, e vivam em comunhão de “mesa e habitação” em estruturas “criadas” para essa finalidade; mas o certo é, que, quando uma surge, a outra desarvora.

Se em momentos de plena meditação, nos debruçarmos sobre o peitoril da nossa janela imaginativa, (isto p’ra aqueles que raciocinam), podemos contemplar que o Universo, no seu absoluto, é Vida. Fervilha de vida integralmente. Nada está quedo; nem o tempo. Desde a mais infinitesimal fracção de substância, até à mais longínqua e inacessível, (por em quanto), galáxia, tudo está em incessante movimentação.

Perante as observações resultantes de investigações científicas, tudo leva a credenciar que existe um movimento Universal, que conduz ao Caos, e este abre as portas para o Caminho da Renovação.    

Com base naquilo que penso que sei, e no espírito que me dá vida e sustenta minha forma de pensar, ainda que “patética”, é certo que não creio que o Tudo tenha vindo do Nada. Porque o conceito de nada, é nada. Aqui não existe paralogismo.

Como tal, a outra dimensão, apesar de “questionável”, pelo mistério que a protege, não deixa de não ser uma realidade. É um quesito de lógica. Isto resulta em que, que é fundamental expirar, para voltar a germinar.

É este o Ciclo Universal, como tributo da Grande Força da Criação, que em absoluto desconheço, mas sinto dentro de mim a sua energia.

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 12/06/2025

 

 Nota:

Não uso o AO90

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