ALUCINAÇÕES

 

A pior ilusão não é aquela em que os outros te iludem,

mas aquela em que tu, a ti mesmo te iludes.

(Autor desconhecido)

 

ALUCINAÇÕES

 


    Até compreendo, quão prejudiciais podem ser os efeitos provocados por um estado delirante, quando estes, ao afectarem o próprio ser em si mesmo, o levam a posturas ou declarações menos convenientes, que podem ferir a solidez emotiva de todos aqueles que o rodeiam e com interiorizado sofisma, - por interesses subjacentes - se prestam uma falsa vassalagem.

Este estado de alteração mental, infalivelmente distorce o raciocínio do “hospedeiro” provocando-lhe uma deformação na sua visão intelectual que lhe inquina a noção da realidade, através de uma patológica confusão mental. Quer isto dizer, que a pessoa, pela minoração do entendimento, que se encontra infectado, pode ter comportamentos que só um estado alucinatório pode justificar. Não vejo outra razão!?

No meu percurso de vida, conheci alguns episódios deste calibre, que trasbordaram da caçarola do bom censo e escaldaram a estabilidade algumas, (muitas), vidas.

É sabido que não passa de uma perturbação incalculada, que se apresenta a boiar na massa cinzenta em determinados momentos de entusiasmo, mas que é susceptível de reversão, repondo a função mental na sua integral normalidade – após formado um escrupuloso exame de consciência, como é compreensível.

Qualquer figura, por maior que seja a sua magnitude social no poder ou na cultura, está sujeita a este fenómeno, e, como perdeu também noção de contenção, apresta-se a ficar mal na “fotografia”, para a qual, “rosnando”, arreganhou a sua dentição.

Não há dias passados, destacou-se uma dessas “preciosidades”, que, apesar da liberdade de expressão que me é concedida, faço questão de aqui não nomear; não por receio algum, mas porque a minha criteriosa sensatez e natural empatia, me dizem para o não fazer. Não desconheço, no entanto, que todos aqueles que sabem ler nas entrelinhas, infalivelmente vão chegar ao reconhecimento da “pérola”.

Lamento isto, mas não consigo abafar dentro de mim a acidulada revolta biliar, por ver que ainda existem imbecis que acreditam no Pecado Original; isto é, “se não pagaram os pais, que paguem os filhos”.

No mínimo, isto é fruto de uma eloquência emperrada; possivelmente pelo desgaste da avançada idade ou porque o azeite da sabedoria por momentos falhou na sua acção lubrificadora.

Pasme-se: com que então vamos ser “donos” de uma nação hipotecada, para solver os prejuízos causados pelos “males” que os nossos antepassados fizeram!

Não deixa de não ser uma piada! Triste, ridícula e de mau gosto, mas é uma piada.

E p´ra findar, é inevitável ocorrer-me do recurso à Bíblia, neste momento, a minha tábua de salvação; “Abençoados os pobres de espírito, porque deles é o Reino do Céu”.

Amen.

 

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra, 27/04/2024

 

       https://antoniofsilva.blogspot.com

 

Nota:

Não faço uso do AO90

 

 

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