DESEJO PATOLÓGICO
Existem
três cachorros perigosos:
a
ingratidão, a soberba e a inveja.
Quando
mordem, deixam
uma
ferida profunda.
(Martinho
Lutero)
DESEJO
PATOLÓGICO
Antes de encetar esta espadelada, com vista a separar os tomentos do linho, quero aqui sublinhar que sei o que é uma bola, gosto de dar uns chutos na bola, mas não padeço da “bola”, por causa da bola. Resumindo: não valorizo futebol.
Todavia
não sinto qualquer repulsa por quem gosta daquele “negócio acinzentado”, para o
qual não despendo de qualquer fracção neuronal, nem teço qualquer reparo,
contra ou a favor. Simplesmente, não me interessa.
Que
isto fique bem claro.
Quanto
à inveja, que é das coisas mais rasteiras que conheço, aí sim, já ouso meter o
bedelho.
Embora
não fique assombrado por quaisquer saberes ou habilidades futebolísticas de
ninguém, em particular, admiro a nobreza deste homem, e comparo-o àqueles a que,
na Índia, pela distinção do seu carácter e pelas suas obras e exemplos, chamam
de “mahatma” (alma boa ou grande alma). A sua humildade peculiar e as
suas acções de generosidade social, disso são padrões inegáveis. São estes os principais
conceitos que tenho da figura de Cristiano Ronaldo.
Arrancado
uma existência onde necessidade era rainha, pelas suas aptidões natas (não me
refiro a inteligência), à sua maneira, trabalhou (e certamente foi “trabalhado”),
para chegar triunfante, ao pedestal que chegou, mantendo constante a sua inigualável
simplicidade.
Construiu
um império seu e não duvido que tivesse “auxiliado” outros (mais ratos), a
construírem uma “soberania” idêntica para eles.
Estas
são as razões fundamentais de tanto burburinho, propalado à volta do mamarracho
(assim considero), que ousou mandar edificar. Se legal ou ilegalmente, não sei,
nem me interessa saber.
Se
foi ilegal, os princípios instituídos devem primar pela equidade na aplicação das
normas emanadas dos seus preceitos, a todos os cidadãos, independentemente do
seu estatuto social, e, a justiça seja feita.
Se
foi lícito, deixem o rapaz na paz do Senhor, porque ele não fez mal a ninguém.
Em
toda esta algazarra feita pela comunicação social, entendo que existe um misto
de inveja (o fulcro da sua deflagração) e de exploração comercial (markting),
com recurso ao que ´Zé” gosta, com
especial destaque para o sensacionalismo sádico.
Não
precisarei de andar muito, para demonstrar o que acabei de escrever; entre outros
despretensiosos auxílios feitos por Cristiano Ronaldo,
apenas chamo à colação o mais recente; a “minúscula”
Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria. No
entanto, já critico a diminuta relevância que os meios de comunicação atribuíram
a este seu honroso gesto de inegável altruísmo.
Não
subsistam hesitações de que a inveja assume um papel viral no ser humano
imbecilizado e interesseiro. O ganancioso, ladra, porque gostaria de ocupar o
lugar da vítima que pretende morder. A ânsia da notoriedade, aliada aos interesses
lucrativos subjacentes, enevoam-lhe os miolos e fazem abrolhar alguns predicados inconvenientes, como a incapacidade,
a ambição e a mediocridade.
Tenho
dito. - Mas
muito ficou por dizer.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
04/06/2021
Obs:
Não
sou a favor do AO90.
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