O "PATRIARCA"



As pessoas nunca mudam;
podem é não ser como pensamos.
(?)

O “PATRIARCA”
(Titulo assim, porque não sei quem é!?)

Não conheço a figura, mas acho uma fotografia muito bem conseguida para definir, em parte, o que é estar armado em monge, à mercê de uma “quarentena forçada,” por uma causa que ainda não se sabe ao certo o que realmente é.
Achei esta peça fotográfica primorosamente bem alcançada e única, pela captação expressiva do ícone em questão! Diria até, digna do prémio Pulitzer da melhor fotografia de 2020.
A fidelidade da expressão de manhosa quietude captada pela máquina, encerra algo de misterioso no olhar; um observar de, “espera aí que já te lixo”. O rosto rosado, enfeitado por uma barba cuidada, já debruada de vasta “cãzoada”, a testemunhar a “quarentena” a que foi sujeita, atribui à manifestação facial, um bem abonado ar de imponência, respeito e meditação.
Se fosse uma pintura, com todo o requinte artístico que a abraça, devia até fazer chorar a Gioconda (se ela contemplasse), até descoagular as tintas da tela mais famosa de Leonardo da Vinci, cuja inveja, de certo o iria entristecer, - se fosse vivo - por ver a sua pintura mais famosa, remetida para segundo plano - a vida é assim; nem sempre o primeiro, nem sempre o último.
A linguagem expressiva desta imagem, assinala um autoritarismo profundo e um olhar misterioso. Aquele chapéu prêto carregado, substituto da coroa de louros que provavelmente lhe seria devida, - até lhe ficava a matar - atribui à fisionomia um ar patriarcal, sereno e austero. E algo me diz, que aquele mal-amanhado bocado de feltro prêto, agasalha qualquer coisa de enigmático e inesperado.
A “chapa” fotográfica, deve ter sido batida após uma lauta tainada, pela quietude digestiva que aparenta, certificada pelo utensílio colocado ao canto direito das beiças, certamente depois de haver procedido a uma limpeza geral, que deve ter findado com o arrancar da última febra de javali que, entalada entre os incisivos e os caninos, lhe chagava o juízo; contudo, não se esquecendo de preservar a utensílio de higienização para uma próxima vez, por uma questão de poupança – é assim que devia funcionar a economia.
Realmente, apesar da fronte estar camuflada por cerrada floresta capilar, não apresenta indícios de quem vive na indigência, da qual, o actual governo pouco se interessado, face aos dinheiros que tem consentido serem dissipados, por razões de causa cinzentas.
Bem, seja quem for, achei graça à fotografia, e, em franca homenagem à figura em si, e ao artista que a “tirou”, entendi por bem, compor umas dezenas de vocábulos a título de tributo a ambos, porque, a meu ver, disso são dignos.
Há achados que vêm por bem; este, caído do Céu, veio para ajudar a diluir o confinamento pandémico a que estou sujeito e a manter o meu sexto sentido em actividade.
Mas, continuo na minha; não imagino quem seja; contudo, pela imponência da expressividade patriarcal que apresenta e pelo ar grave que parece manifestar, cheira-me mesmo a surpresa.
Termino por aqui. De apologético, já chega.

António Figueiredo e Silva
Coimbra,23/05/2020

Nota:
Não faço uso do AO90

  

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