"EXULTAÇÃO"


A democracia é o pior dos regimes políticos,
mas não há nenhum sistema melhor do que ela.
(Winston Churchill)

“EXULTAÇÃO”


Aleluia! Isto é uma democracia. Aparente, mas não deixa de o não ser.
Estou delirante com os resultados eleitorais. Que governe (ou desgoverne), o glorioso, que foi sufragado pela “vontade” expressa dos portugueses. Não de todos, como é evidente, todavia por uma taxa percentual de 36,65%, percentagem esta, retirada apenas da metade (arredondamento por excesso ou por defeito) elegida; os outros devem ter sofrido um ataque piolhoso no seu discernimento, grelado pela falta de credibilidade nas acções nocivas promovidas pelos nossos políticos, pelo que, foram “compulsivamente” levados a castrar a sua auto-determinação de votar. Uma grande chatice, não é?!
Embora não esteja de acordo com a sua tomada de posição, é meu dever compreender que lá terão as suas razões para se terem renunciado à sua vontade de eleger; mas, desta forma, também nunca sairemos da cepa-torta, o que é de lastimar; continuaremos ramelosos, artríticos e esclerosados, a olhar o vazio à espera do nada, convencidos de alguma coisa – não sei de quê!?
Contudo, é um alívio para a minha consciência manifestar o meu “delírio”, que é proveniente de uma esperança – por enquanto não passa disso – asseverada por António Costa na campanha eleitoral, como sendo uma verdade, que por agora fica a pairar no universo da incerteza, “erradicar a pobreza que atinge os mais idosos, que são aqueles que são mais frágeis”, são aqueles que mais dependem dos outros” … (Guarda, Domingo, 9 Setembro 2019).
Devem ter sido estas e outras palavras de carácter auspicioso, que por me concederem fadiga não vou aqui expôr, que devem ter feito levedar em muitos elementos da “Peste Grisalha” uma réstia de esperança, ainda que contrabalançada pela desconfiança, e conseguiram captar mais alguma votação, não tendo abispado, porém, a maioria absoluta, como ouço muitos p’raí galináceos a cacarejar.
De qualquer modo, um acontecimento que me causou uma consternada admiração, foi, depois de ter ouvido os vários discursos onde eram manifestadas as condolências, perdão os parabéns, ao triunfante António Costa e consequentemente ao partido que lidera, no cerne das mesmas dissertações, a meu ver, ficou implícita a manifestação de que todos ganharam. Não consegui ainda, digerir esta inversão das análises feitas, - cada um por si – em que as derrotas foram metamorfoseadas em vitórias – pelo menos, em blá, blá.
É caso para pensar: estarei demente, ou serei uma besta?
Considerando bem… na minha incerteza e para não ficar mal na fotografia, é conveniente apresentar as minhas congratulações a António Costa e desejar-lhe que ao montar a nova caranguejola – porque não ganhou por uma maioria absoluta -, que atarraxe bem os parafusos nos pontos fulcrais, para consolidar a sua estrutura contra algum aluimento, porque, apesar de tudo, a metade que se absteve, não deve estar muito descontente, e os outros dois terços, ao certo, ninguém sabe.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 09/10/2019

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