“ANUÊNCIA”
“Caramba,
eu já sabia que Portugal era um país pobrezinho,
muito triste e assaz miserável,
maioritariamente
constituído por idiotas, analfabetos,
ignorantes
e estúpidos da pior espécie…”
(Maria Vieira)
Duas
coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana.
Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a
certeza absoluta.
(Albert Einstein)
“ANUÊNCIA”
Aparentemente
concordando com a saloia e destravada brejeirice da primeira expressão, pingada
de uma cachimónia que me faz duvidar do seu nível intelectual onde a falta de
polimento é manifesta, já não posso discordar em absoluto com a segunda pela
certeza expressa e ao mesmo tempo, pela dúvida suscitada, só porque os cérebros
bem formados é que duvidam das suas próprias certezas.
Sinto que na primeira existe um odor
teatral fedorento, onde alguma verdade subsiste, mas a roçar a peixeirada, enquanto
que na segunda há uma lição de vida nascida de uma cabeça repleta de
conhecimento, que expressa convicção e ao mesmo tempo humildade em relação a
esse mesmo conhecimento.
Como
se pode observar, há muitas maneiras de “chamar
os bois pelos nomes”, sem recorrer a afirmações - ainda que verdadeiras –
pouco digeríveis para alguns, pela sua natureza generalizadora.
Há
sempre que salvaguardar determinados princípios, principalmente quando estes
dizem respeito à Pátria onde nascemos, vivemos, refilamos e, naturalmente expiramos.
Ferir um país é estupidamente ferir a si próprio e a todos quantos dele fazem
parte, sem se aperceber de que o tecido que amanta a personalidade de cada um,
é diferente; na primeira frase, implicitamente, é isso que se pode decifrar.
Partindo desta premissa,
é realmente preciso ser-se muito idiota, muito analfabeto, muito ignorante e
abundantemente estúpido, para pensar e expor uma avaliação generalizada deste
calibre.
Existem na nossa comunidade, seres, que quando
o cio se intelectualiza e lhes invade o senso, ficam com a mente obscurecida e
continuam a caminhar nessa neblina, como dementes desnorteados, sem procurarem
saber onde poisam os pés.
Acontece que, de vez em quando lá vai uma
topada num “calhau”, e, como é normal, lá têm que se conformar-se com os
sofrimentos provocadas pela estupidificada descontração.
Não será para mim motivo de regozijo, contudo
de deploração; porém, não deixo ao mesmo tempo de sentir uma réstia de satisfação
por saber que este distúrbio psicológico não é apanágio de todos os portugueses.
Fico convicto de que me fiz entender.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 28/05/2019
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