PADRE ASSUME CRIAÇÃO
Dogma
é castração. Toda a ideia tomada como
verdade absoluta, que não admite constatação,
tolhe a inteligência humana, impede o
progresso,
leva
à obscuridade.
(Manoel
Valente Barbas)
PADRE
ASSUME CRIAÇÃO
A
preludiar a minha argumentação devo salientar que sou católico. Foi esse o
caminho que, bem ou mal me ensinaram a trilhar; nunca ao longo dessa verêda me leccionaram
nada, do qual não tivesse retirado algum proveito moral e cívico, conquanto que
reconheça, que hajam alguns ensinamentos doutrinais que deviam sofrer uma
metamorfose, em função da evolução do comportamento Humano. Não interessa aqui
esmiuçar quais, uma vez que não é o objectivo desta crónica de “bem-dizer”.
A meu ver, o crente não é
o beato (termo popular) porque este é cego; e é cego de tal maneira, que
tritura tudo o que lhe “pregam”, sem saber ler ou raciocinar nas entrelinhas,
escritas ou oralizadas, o âmago onde existe a verdadeira essência do universo
místico. Bem… adiante com o andor.
Penso que é dever de cada
humano primar pela vida, reverenciá-la e dar-lhe continuidade, seguindo desta
maneira os desígnios da Criação. A multiplicação é uma condição natural, da
qual nenhum ser vivo, normal, consegue desunir-se.
A reprodução, desenvolvimento,
morte e a conclusiva renovação, são o ciclo do Universo, cujas leis imperam sobre
tudo o que nele existe. Assim, tudo o que for feito para contrariar as leis que
regem todo o seu sistema evolutivo, considero anti-natural.
Claro que o ser humano,
por motivos vários e ser pensante, “que pensa que é”, tenta reverter a ordem do
sistema, e, não o conseguindo, reconhece o seu “fracasso” perante a Natureza,
assumindo o que socialmente poderá ser considerado um erro, mas que na
realidade o não será, à luz da essência Divina; apenas assume o fruto de uma
condição natural, que alguma cegueira social condena.
Porque fazer tanto ruído,
só porque um padre corajoso assumiu a paternidade de um fruto humano, gerado e
criado à semelhança de Deus?
Será que isso implica nas
suas funções sacerdotais? Penso que não.
Não se sabe – nem
interessa – as razões ou as ideias que levaram aquele Homem a optar pelo celibato.
Que quebrou esse compromisso com ele próprio, é verdade. Mas também é verdade
que não basta mudar de opções, mas sim ter ideias ou circunstâncias que
justifiquem fazê-lo. Esta foi uma delas.
E porque Deus existe no
coração de cada Homem, ele poderá continuar a ser um bom padre, e acima de tudo
um bom Homem e um bom pai.
«Abençoando-os,
Deus disse: «Crescei e multiplicai-vos,
enchei e dominai a terra».
(Génesis
1:28).
António Figueiredo e
Silva
Coimbra, 07/04/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com
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