O REGRESSO DO TRAULITEIRO
Penso,
logo existo.
(Sócrates)
O
REGRESSO DO TRAULITEIRO
Carta
ao meu amigo ZÉ (X)
Saudoso
Amigo, ZÉ.
Sei que não é com grande assiduidade que
te escrevo, não porque tivesse deixado o mundo dos vivos, mas pelo desleixo que
geneticamente de mim faz parte. Porque, como disse
Sócrates (470 a. C. – 399 a. C.), “Penso, logo existo”.
Bem, eu também estou convencido da minha
existência por pensar que cogito, no entanto, reservo algum cepticismo sobre esta
matéria, porque conheço muitos que existem e não raciocinam, mas, mesmo
descabeçados, protegem-se entre si como as formigas - porra, já estou a ir
longe demais.
Entretanto, como ainda não existe uma taxa
a pagar pela liberdade de pensamento, a não ser alguns dissabores pela sua elucidação
– mas isso é o menos -, resolvi articular alguma verborreia nesta época pascal,
com a quail te quero brindar e fazer-te viver velhos - talvez modernos -
tempos, aproveitando similarmente para produzir algo que me proporciona algum
gozo: desabafar. Ando com o bandulho cheio.
Ora bem: recordas-te daquele gajo, de nós
conhecido, a quem chamávamos de “O Trauliteiro”?
Olha, depois de várias peripécias pelo
mundo, à custa de malabarismos que não ficam a dever nada à honestidade,
pescados com rede de tresmalho, construída com fios tensos de ambição e malha
apertada, lançada no mar turbulento e escuro da vigarice, em que o peixe miúdo,
mercê da sua “falta de visão”, foi e tem sido o mais sacrificado, acabou por
aportar à nossa terra.
É verdade. Acredita. “O Trauliteiro” regressou.
É claro que não se safou a situações
vergonhosas, deprimentes e enxovalhantes, que teriam “electrocutado” de
imediato qualquer pessoa com nobreza de carácter. Então vê lá tu, que o safardana
a tudo isso tem resistido com incomum desplante; vitimizando-se, caluniando
tudo e todos numa tentativa, até agora frustrada, de inverter as regras instituídas.
Depois, sabes, Zé, ainda há algumas
“lavandarias” que lhe aproveitam (mercam) a roupa encardida de sujeira,
fazem-lhe uma barrela, dão-lhe uma esfrega e colocam-na à venda impingindo-a à
ignorância, como se tratasse de roupa nova.
Esta malta não pensa bem!? É por via disso
por isso que continuamos a nadar na bosta.
É também por estas razões e por outras
similares, que não tenho muita fiabilidade nas palavras de Sócrates,
quando diz: “Penso, logo existo”. Uhm!
Uma ova!?
Boa Páscoa ZÉ.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 31/03/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com
Nota: Queiram os leitores desculpar-me
Nota: Queiram os leitores desculpar-me
um erro meu; o autor da frase, “Penso, logo existo”,
não foi vertida por Sócrates, mas René
Descartes.
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