A FISGADA
“O
resto é conversa!”
(Pedro
Santana Lopes)
A FISGADA
Há
muito que não me doíam tanto os músculos barrigais, de tanto rir.
É usual dizer-se que um homem nunca´gaba a
si próprio, mas, assassinando as estatísticas dos pensamentos degradados, há
sempre um Tarzan que tem a lembradura de ejacular cá para fora umas postas de
pescada ou uns carapaus com molho de escabeche, à laia olissiponense, tornando-se
deste modo, a encarnação perfeita do alfacinha de outros tempos, onde a brilhantina
a untar a cabeça e o capricho de gingão eram o seu cartão de apresentação, senão,
o seu BI ( naquele tempo ainda não havia o maldito Número de Identificação
Fiscal), mas só isso.
Há coisas do arco-da-velha!
Sem mais nem p’ra quê, florou-se-me à
mioleira recordações dos meus velhos tempos de moço “aviador”, quando Lisboa
era Lisboa e o turismo “pirata” passava pelo Cais do Sodré, fazia uma digressão
ao Largo do Intendente ou percorria as casas da mais esmerada reputação e asseio
do Bairro Alto, onde eram frequentes algumas confusões por causa das gajas e, às
vezes, antes de começar o burburinho soltavam-se umas frases em tom ameaçador,
porém balofo, “olha q’eu sou do Alto Pina, ahm!? Levas uma cabeçada e ficas a
cheirar a brilhantina”. Era engraçado. Estes arrufos eram típicos do alfacinha
malandreco que tinha a mania que ia a todas. Era o dominador do “curro”- na maioria das vezes, só de garganta, porque
também tinha a mania que era fadista.
É pena já cá não estar o falecido Zé
Vilhena, que já tinha pano de sobra p‘ra mangas, que lhe permitiriam tecer
algumas marteladas elogiosas, como só ele sabia a fazer, dedicadas aos convencidos
e vaidosos reis da selva alfacinha, pela sua beleza, que, nas entrelinhas, encanta,
não só a fêmeas lisboetas como as de todo o mundo. Caramba! Meu rico tempo, que
já se evaporou!
Por certo que não serei a pessoa ideal
para argumentar qualquer comentário sobre a beleza das ditas figuras, porém
considero-me a pessoa adequada – se outra não aparecer – para dar uma fisgadazinha
no egocentrismo das estátuas ainda vivas, que, com todo o convencimento que já
vem de ginjeira, se apressam a assumir representação do macho - machão - de Lisboa, perante o Globo… e
arredores
Bem, eu sei que existem pessoas sempre se
prestam a uma representação com um certo sarrafo de piada e brejeirice nas suas
interpelações, razão pela qual até sinto um certo prazer em ler algumas frases,
contudo, sem levar a sério a sua cantilena, cujo préstimo tem somente a
finalidade de me tirar do marasmo, nos momentos em que me sinto mais abatido. É
semelhante a ler uma revista de banda desenhada de Walt Disney, sobre O Zé Carioca.
O certo é que com grande lábia, como o
famoso Zé Carioca, alguns têm tem
levado uma vidinha a sorrir, a trincar
do bom e do melhor – de tudo -, quer lhe passe por cima, quer lhe passe por
baixo, sem quaisquer emperro na voracidade do seu apetite.
O lindo, é que o mundo da idiotice é mesmo
liiindoo!
Por isso é que de vez em quando aparecem “pavões”
que, com acentuada presunção, escrevinham umas frases brejeiras e litigáveis
perante a crítica sarcástica, mas… vou deixá-las com a sua egolatria
empedernida, que elas ficam felizes.
E eu também.
“O resto é conversa”. (?)
António Figueiredo e
Silva
Coimbra, 09/23/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com
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