A CARTOLA (Só serve a quem a enfiar)
A desvantagem do capitalismo é a
desigual
distribuição das riquezas;
a
vantagem do socialismo é a igual
distribuição
das misérias.
(Winston Churchill)
A
CARTOLA (Só
serve a quem a enfiar)
“Carnaval”
alfacinha fora da época
Não,
não são os cinquenta e sete mil euros que revoltam. Nada disso. O que revolta é
ver este país endividado a querer mostrar que é endinheirado. Estas pândegas
onde a trabucada sonora é uma constante e o encéfalo se desarticula da sua regularidade,
trazem sempre no ventre uma determinada incoerência porque contrariam de uma
forma bem observável, a necessidade e a miséria da nossa existência, porque a
megalomania leva ao esbanjamento; este é o último esforço que a pobreza de
espírito faz para mostrar o que não é.
A diversão saiu à rua com a anuência da
autarquia a enfiar umas cartolas – da próxima vez serão carapuças – nas cabeçonas
e mais ninguém pensa em nada, a não ser folia. É sabido que quem tem pouco
miolo prefere a diversão porque esta lhe alimenta as ilusões enquanto a
realidade não desperta.
Cinquenta e sete mil euros, perante a
montanha de subtracções que têm sido feitas aos portugueses por políticos menos
escrupulosos e outra bicharada que à volta deles gravita, é uma mixaria. Pode
ser até considerado uma coisa sem importância, se não fossem as pequenas coisas
a denunciarem as de grande vulto, que esse universo escuro da ambição comtempla,
onde as adições astronómicas somam milhares, senão milhões de vezes os
cinquenta e sete mil euros que vão cobrir a cabeça de muitos alfacinhas na
noite da passagem de ano, resguardando-os dos resfriados mas não do
deslocamento do cinto para o próximo furo, previsto para o ano imediato, 2018.
Estou de acordo com Miguel Cervantes
quando escreveu: “O sonho é o alívio das
misérias dos que as têm acordados”.
Em meu nome e em nome dos sem-abrigo que
deambulam por essa urbe, muitos com falta de roupagem para se isolarem do impiedoso
frio hibernal, desejamos uma
BOA
PASSAGEM DE ANO ao povo lisbonense, e as nossas mais
sentidas condolências ao Sr. Fernando
Medina, Presidente da Edilidade, pelo seu cintilante pensamento, cujo
objectivo mereceu a condenação após a nascença.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 27/12/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com
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