PORQUE FOSTE TÃO BURRO, "ZÉ"'!?

O campo da derrota não está povoado de fracassos,
 mas de homens que tombaram antes de vencer.
(Abraham Lincoln)

PORQUE FOSTE TÃO BURRO, “ZÉ”?!

São “lindas”, irrisórias, hilariantes, “comoventes”, belicosas, convincentes, “aldrabantes”, atiçadoras, lamentáveis, estimulantes, tumultuosas, e tão salitradas de outros adjectivos que dariam para fazer um missal; na sua acidentada esteira, urdida com cadilhos de interesses, possuem de tudo um pouco, menos, serem ordeiras, francas honestas, claras, cívicas, “pacíficas” e cheias de boas intenções.
São sempre uma mistura de paleio bolorento, já exausto pela sua repetitiva doutrina, coadjuvado por papéis coloridos à mistura com umas frases revolucionárias ou de promessas esperança (falsa), impressas; são postados sob estimulado frenesim, nos sítios que, estrategicamente melhor dão no ôlho, p´ro povo contemplar com cara de alho-porro que são muitos os que se prontificam a dirigir – para digerir estamos cá nós - os nossos destinos, ainda existem… para nos limpar o sarampo ou para nos beneficiar – o mais difícil.
A peleja é de tal ordem desarticulada da polidez, que dá a sensação de que existe uma ditadura seio da democracia.
Bastantes “ideólogos” ficam coléricos, com a fuça côr de rabanête, porque outros não comungam das suas inclinações doutrinais, ortodoxas ou neoliberais; então desatam numa estrondosa grunhideira e encetam pelas quelhas acidentadas do maldizer, a metralhar, quase sempre sem fundamento, todos os alvos que se lhes contraponham; mas que muitas vezes os afundam, afundam!? E se não conseguem submergi-los, pelo menos deixam-nos bastante estremecidos.
Bem, estes espectáculos já não me surpreendem pela sua falta de cortesia; contudo, esta devia existir, porque toda a fanfarra é regida por aquelas que são consideradas as melhores mioleiras da sociedade; a elite, a nata da nossa comunidade.
No fim da liça, os que perderam e por hábito têm mau perder, barafustam ou regougam por tudo quanto é canto, coçando as mazelas em impropérios e palavras desagradáveis, à laia burros espolinhados na terra a coçar os carrapatos; os que ganharam, não se relegam à humildade, apanágio dos homens de bom carácter, e arengam os seus discursos pavoneantes numa autenticação de superioridade, que por vezes o passado não abona.
Quase todos, independentemente das suas firmezas idealistas, galopam montados no cavalo da trapaça, dando vivas à esperança, escarrachados na sela da convicção fingida, fiel lacaia dos seus interesses, e sempre com a lança do horizonte benévolo e auspicioso, mas falso, apontado, não ao seu contendor, mas ao Zé, que por infortúnio ou burrice, no fim da contenda, caber-lhe-á o pagamento da palha do cavalo, da lagosta e da hospedagem do cavaleiro, limitando-se apenas a rilhar com contido azedume, a rotineira côdea, numa penitência que lhe é imposta por mais quatro anos.
Assim são as campanhas eleitorais.
E quando o sol desaparece nas franjas horizonte e as trevas estendem o seu manto negro a revestir o espaço em noites sem luar, o Zé, depois de um frugal repasto, extenuado e nervoso de tudo, estica-se ao comprido no enxergão da consciência, pousa a cabeça sobre travesseiro da quietude aparente, e num inconformado “choramingo” matuta:
Porque foste tão burro Zé?!

António Figueiredo e Silva
Coimbra,04/10/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com

    

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