JUÍZO SINCERO E CORAJOSO DE UM JUIZ
O Juiz não é
nomeado para fazer favores com a justiça,
mas
para julgar segundo as leis.
(Platão)
JUÍZO "SINCERO E CORAJOSO" DE UM JUIZ
Perante
tão categórica asseveração, o que poderei eu reflectir? Apenas pensar que tenho
razão naquilo que há alguns anos venho a raciocinar, mas que aqui não vou não
vou explicar, não por uma questão de fraqueza, mas porque é um sentimento já assente
na maior parte das pessoas.
Há porém umas insolências que tenho
referido sobre a justiça em Portugal e uma delas é que ela tem andado muito
enferma; é cega ou amblíope, mouca, coxa na rectidão, a sua balança pesa mal e
a sua espada, além de romba, não corta a direito. Isto tem acontecido. Mas é
preciso não esquecer que a justiça é a alma de qualquer povo; ela é a fonte de
onde nascem os estatutos que regem uma sociedade, cujas regras devem ser
aplicadas a todos, com imparcialidade e rectidão. Mas isto tem sido uma balda,
porque elaborar as leis não chega; é indispensável a justiça. Numa lei que a justiça
não comtemple, existem sempre grandes possibilidades de encontrar meios de reabilitar
os ricos e poderosos e condenar os pobres até ao confisco da última penosa que
tenha no galinheiro.
No
nosso país têm havido muitas injustiças dissimuladas de justiça, e quando aparece alguém com coragem para fazer a
justiça funcionar sem olhar para os lados, tentam por todos os meios
arranjar-lhe uma trama robusta que o faça vacilar. A essas tramas resistem os
fortes e puros. Não precisamos de ir mais longe; repare-se nas barreiras que
têm sido criadas ao Dr. Juiz Carlos Alexandre,
com vista ao seu derrube. Este insigne Juiz tem-se aguentado, outros
possivelmente têm ficado pelo caminho, porém, não de consciência limpa.
Ainda bem que aparece alguém pertencente
ao insigne grupo das “Altas Sabeduras
Judicais”, que, com grande craveira de coragem e bom senso, resolveu
borrifar-se para as regras hipócritas da “deontologia”, cujo significado tem
sido adulterado e mal empregue, e, em poucas palavras, num abrir e fechar de
olhos, pintou a realidade dos quadros da nossa justiça, apontando precisamente
para o ponto fulcral onde convergem as considerações da generalidade dos
portugueses.
E agora?
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 31/10/2017
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