CARÊNCIAS DA COMUNIDADE
“Não
sou político; não me propus a este cargo
para
defender a cor de um partido, mas aterra
onde
nasci e os interesses do seu povo”.
António
Eusébio Cardoso
(Presidente
da Junta de Freguesia de
Vila
Verde/Oura-Chaves-Portugal)
CARÊNCIAS
DA COMUNIDADE
Eu também não sou político, nem seguidor
de qualquer ideologia que transmita considerações sobre o assunto, não deixando
contudo de exercer o meu poder votivo em quem eu entender, no uso da minha
cidadania e plena liberdade de opção, ainda que no fim, a minha selecção possa sair fracassada; mas o que
hei-de eu fazer?!
A comunidade em que vivemos necessita de
pessoas medianas que não ponham em questão os princípios fundamentais, e aí os tem;
são aqueles que se propõem a administrar-nos, governando-se em primeiro lugar a
eles próprios, pondo de parte os princípios essenciais: a ética, a moral, e
acima de tudo, o bom senso.
Piores do que os catequistas religiosos
são os lavadores de miolos da populaça; eles gerem as grandes empresas e
ninguém sabe quem é o patrão; “orientam os países que lhes permitem exercer a
mineralogia monetária privada e espalhá-la por todos os buracos bancários,
escamoteando deste modo a sua proveniência fraudulenta; são os donos dos
diversos ministérios, poços de fermentação de regulamentos que possibilitam a
livre bandalheira que se pode ver. Mas para isso é imprescindível a colaboração
do fanatismo, porque nele existem invariavelmente aqueles que apesar de não
terem ideias de conceito também se recusam a mudar de questão.
É por essa razão que não há nada que tanto
aterrorize as pessoas como as diferenças colectivas, que são o actual carcinoma
que mina impiedosamente a sociedade em que vivemos, ou fazemos por isso.
Creio que a corrupção instalada nos
meios governamentais teve o seu início na corrupção dos princípios daqueles que
nos (des) governam.
Mas esta maleita, que a todos afecta,
excepto os privilegiados erroneamente considerados elite, um dia há-de acabar
por derrocar. O difícil da questão é que a corrupção é um crime sem rosto, sem
impressões digitais, mas certamente é proprietária de um “ADN” policialmente
investigável e legalmente condenável, se a lei não for falseada ou estrábica
afectada por interesses pessoais e compadrios mafiosos.
Num estado onde impera a democracia,
existem duas competências de políticos: os presumíveis corruptos e os
verdadeiramente corruptos – obviamente que alguns (poucos) não se encaixam
nesta dualidade de critérios; é dos últimos, os verdadeiramente podres, que a
sociedade deve livrar-se, quando não, nunca irá a lado algum. Reconheço no
entanto que poucas facções políticas escapam à corrupção, porque estas alojam
crisálidas de corruptos no seu interior em estado letárgico, à espera das
condições propícias à sua metamorfose
Enquanto subsistirem chorudas ajudas
para campanhas eleitorais milionárias, a corrupção dos governos tem
forçosamente que existir; é uma troca de favores que terá que ser paga, dê para
onde der. Não acredito que exista tanto “burro” idealista no mundo, capaz de um
financiamento a título filantrópico sem ter num futuro imediato o retorno
avantajado do seu investimento.
A corrupção existe em todo o mundo e por
mais paradoxal que possa parecer, transformou-se numa cultura política tutelada
em grande parte, pela dualidade de critérios acolhidos na letra de lei, viabilizando
que esta não goze de imparcialidade na sua aplicação. Por isso, o corrompimento
só sobrevive onde a justiça é corrupta.
O
que a nossa sociedade mais carece para uma boa governação é de pessoas com
carácter, inflexíveis à causa que os move, exemplares na sua vivência em
comunidade e que não se deixem levar por cromatismos, mas pelo valor do Homem
em si.
Assim,
teremos garantida uma boa governação; para nos desgovernar, qualquer burro o
poderá fazer com toda a pompa e facilidade.
É
o que tem vindo a ocorrer.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 29/08/2017
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