HIPERACTIVIDADE
Esta foi uma das ferramentas mais importantes
para construção daquilo que foi a dignidade,
a grandeza e a glória de Portugal no
Mundo.
(A. Figueiredo)
HIPERACTVIDADE
(É
de pequenino se torce o pepino)
Naquele tempo… não.
No meu tempo… este vocábulo não era
conhecido com o significado que actualmente lhe é atribuído pelos especialistas
que têm devotado o seu tempo ao estudo da personalidade humana na sua fase de
limagem. Considero-o uma palavra onde a suavidade do fingimento se faz notar,
afincadamente amortalhada numa mansidão e compreensão aparentes, onde o fingimento
é rei.
Sempre existiram a traquinice, travessura,
malandrice, rabinice, perrice, teimosia, o amuo, a caturrice, etc. hoje damos
conta de que todas estas palavras se resumem a uma, que flutua domínio da
condescendência e da compreensão, de todo, endémicas, que encobrem
enganosamente os métodos educacionais de quem educa, que, adulterando a sua
noção de ensinamento, atribuem vantagem aos futuros mal-educados, conotando-os,
ainda pequenos, de hiperativos.
No meu tempo não existia esta realidade;
existia na educação, a austeridade e o exemplo, como as melhores partes da
lição. O resto vinha por si e a seu tempo. Estas eram sementes que eram
lançadas na nossa criação e que deram os seus frutos com os quais se veio
construindo a sociedade outrora ordeira e hoje transformada numa bandalheira
desenfreada, que tem promovido a decapitação dos valores cívicos. Todos sabemos
disso, porque não é falácia; está à vista de quem sabe, e quer ver.
Naquele tempo não havia a
hiperactividade, o neologismo inventado pela pedopsiquiatria, o espaço
ilimitado de compreensão onde todas as maluquices podem ser “cientificamente” compreendidas
sob uma condescendência miserabilista, ou pelo menos isso aparenta.
Porém, agarrando no termo –
pedopsiquiatria - um bom pedopsiquiatra foi o meu pai; foi-o, e não tenho
qualquer pejo em afirmá-lo. Isto, porque até aos nossos dias, não encontrei
mais ninguém – mas certamente que há - com as suas capacidades, nos exemplos e
na austeridade próprias à aplicação dos métodos terapêuticos (pedo-psicológicos),
para frear a sua desproporção mediante as normas da realidade. Apesar de ter
sido um homem da aldeia, havia sempre uma primeira e uma segunda repreensão; a
terceira já não fazia parte do baralho da sua condescendência; pura e
simplesmente caía em forma de “saraivada”, que os dedos das mãos se
encarregavam de distribuir e me fazia baixar a crista da minha endiabrada
agitação.
Era ele quem determinava e eu obedecia –
pelo menos por algum tempo – até ir tomando tino na cabeçona ou sujeitar-me às
tempestades.
Nunca me senti frustrado ou nutri
necessidade de recorrer a algum psiquiatra por qualquer aleijão psicológico
(traumatismo, é muito mais bonito) que tivesse ficado vincado na minha maneira
de ser. Ainda hoje, mesmo infectado pela “PESTE GRISALHA”, como alguns
macambúzios alardeiam, continuo a ser endiabrado, buliçoso, travesso e
obstinado, porém nunca incivil, - e muito menos servil - e sempre procurei,
como o meu falecido pai me ensinou, a ser cortês para quem o merece e a martelar
com palavras de desagradado e agressivo criticismo aquelas mentes bacocas,
imbecis, acameladas, de cérebro amorfo, que com desregrada “hiperactividade”
procuram desgastar a nossa paciência e a nossa estabilidade emocional.
Actualmente as pessoas florescem muito
cedo mas amadurecem tardiamente; algumas nem atingem o amadurecimento e acabam
por cair como maçãs podres. Podres sim; mas essa situação é consequência da tal
falta de controlo na moderação da hiperactividade, quando esta começa a manifestar-se
empurrada também pela doutrina legislativa em vigor, que é hipoactiva.
Agora é o filho que tem o direito de
apresentar queixa porque o pai lhe deu uma chapada correctiva – se calhar
precisava era de meia dúzia delas – coartando deste modo o poder educacional
antigamente detido pelos progenitores, educadores e professores.
Esta é a sociedade obtusa que temos,
contudo, é de lembrar:
É… é mesmo; “ é de pequenino que se
torce o pepino”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 26/022017
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