A QUEM EU NÃO CONHEÇO (O caso da "peste grisalha")
A injustiça que se faz a um, é
uma ameaça que se faz a todos.
(Barão de Montesquieu)
A
QUEM EU NÃO CONHEÇO
(O
caso da Peste Grisalha)
Sinto-me
bastante sensibilizado, porque, no meio das tempestades que por vezes surgem no
caminho andarilheiro da nossa vida, aparece sempre alguém que nos lança uma
bóia de salvação, livre de quaisquer interesses materiais ou na busca de um
possível protagonismo. Fazem-no única e simplesmente motivados pela sua índole
própria e empurrados pela força da razão que, pela sua observação, entendem ter
motivos para tal.
O que acabei de dizer, ou por outra, de escrever,
passou-se comigo, em relação à minha “notável”
condenação, no caso não menos famoso, O CASO DA “PESTE GRISALHA”.
Entendeu uma grande fatia da sociedade portuguesa,
que a minha pena foi uma injustiça; não cabendo a mim julgar a decisão, apenas
me apraz dizer que quando o entendimento social fala mais alto, algo certamente
está errado.
Muitas vozes se levantaram, puseram-se a
meu lado e elevaram em uníssono um baluarte de revolta para me protegerem com o
seu robusto apoio, manifestado pelas mais diversas formas, expondo o auxílio
que a sua consciência lhes ditou.
É gratificante, quando aparecem
personalidades vindas de todos os extractos sociais em “gritante berraria”,
munidas unicamente com paus de revolta e escudos de rectidão, prontos para
implacavelmente fazerem condenação à condenação, por se lhes afigurar que esta
tem contornos de injustiça. Pelo menos é a cristalina realidade que se me tem
apresentado, difundida com força, pelos mais distintos meios de informação.
São vultos que eu não posso deixar de
admirar para toda a minha existência!
A maior parte é constituída por pessoas
sem rosto, mas que sei terem uma identidade, que voa de rasante no meu
imaginário, deixando um lenitivo mais forte do que xanax, que me tem permitido
não adormecer à sombra da passividade.
Desde as figuras mais simples às mais
eruditas, as opiniões convergem e agrupam-se num centro comum, onde argúem que,
A MINHA CONDENAÇÃO FOI UMA INJUSTIÇA.
Se o foi ou não, não cabe a mim dizê-lo
porque não me fica bem ser defensor em causa própria, uma vez que pode
despoletar – como é normal – erros de juízo e eu não pretendo que tão “douta”
sentença seja posta em causa!? No entanto, a analisar as reacções tumultuosas
embriagadas de sublevação que com incansável coragem me tentam amparar, a quem fico imensamente grato, o que
poderei eu pensar?
Apenas e tão só, que realmente nesta
minha condenação algo de errado se passou.
O quê? Não sei.
Mas imagino; porque, como cantava o já
falecido Zeca Afonso; “não há machado que
corte a raiz do pensamento”.
Coimbra, 20/11/2016
António Figueiredo e Silva
(O CONDENADO)
www.antoniofsilva.blogspot.com
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