O RACISMO
Se
fores a Roma, faz-te romano.
(ditado
antigo)
O RACISMO
Penso que este
alfobre tem vindo a ser escrupulosamente bem estrumado pela comunicação social,
não com a intenção de minorar o seu alastramento mas no intuito da sua nociva
propagação, pelo crédito e empolação que atribui a pessoas que não querem
enquadrar-se dentro da lei que nos governa.
Que ele existe
é um facto irrefutável. Porém, com a intensidade que o pretendem demonstrar
através das intencionais especulações que fazem e dos enquadramentos que levam
a público, já não estou de acordo. Até porque este sentimento de repulsa não é
unilateral e verifico que ele se manifesta com mais intensidade de um dos
lados, que eu considero o mais escuro.
Estou farto
que me batam nos tímpanos e me atormentem as pupilas insistentemente, fazendo
crer que nós é que somos as bestas, e os outros são uns mártires e uns
coitadinhos sendo causa para os trazermos nas palmas das mãos, como se de
crianças se tratasse.
Existem
direitos que todos devem ter, e, para tal, há leis que todos devem cumprir para
adquirirem esses direitos. Porém, quando se trata de especular sobre o racismo,
apenas verifico que os direitos emergem como exigência de primordial
importância, soterrando irracionalmente os deveres, por uma questão de
sensacionalismo, que é o néctar que alimenta a desordem quando não há força
para restabelecer a harmonia impondo a lei, seja a que preço for.
Eu sou a favor
daqueles que desejam a paz, conquanto que nesses, o direito e o dever andem
entrelaçados.
Seja preto ou
branco, amarelo ou castanho, vermelho ou azul às riscas, a aplicação do
direito/dever devem ser impostos; se não for a bem, que seja a mal, mas com
consciência e igualdade, sem qualquer proteccionismo cromático.
De qualquer
maneira, sou a favor do livre-arbítrio no que respeita a cada um a escolha da
sua convivência, livre de quaisquer imposições imanadas por alguns parvos da
sociedade hipócrita da qual faço parte; quando não, deixamos de ser nós
próprios, para sermos aquilo que os outros querem que sejamos. Se alguém não se
sente bem a conviver com um qualquer sabujo, que muitas vezes nem sabe onde
pendura o penico, seja ele tinto ou branco, que razão existe para que essa
imposição seja feita?
O que nós
temos sido, isso sim, é uns verdadeiros perdulários e temos recebido como moeda
de troca, apenas ingratidão sob a forma de desrespeito pelos nossos valores e
pelos nossos costumes. Se não se põe travão a isto, não sei, com toda a
franqueza, aonde iremos parar.
Não temos
feito mais do que esboroar o nosso orçamento, hipotecando o nosso território
para purgar um pecado original – não sei se será - do qual eu e muitos mais não
temos culpa alguma, pois nem uma dentada demos na maçã. Quem a deu, está bem
posicionado e resguardado dos tumultos provocados por esse racismo inconsciente
e selvagem.
Se existe
alguém que pretende uma integração numa sociedade, seja ela qual for, deve
cingir-se às leis e costumes vigentes, há séculos estabelecidos.
Não consigo
meter nos miolos que ainda tenho, – e outra coisa também - que quem come das
minhas côdeas e usa o meu abrigo, se revolte contra mim, exigindo aquilo a que
não tem direito, destruindo a paz social e enxovalhando e agredindo a
representação da lei, tendo como objectivo provocar a desarticulação do meu bem
estar. Mesmo assim, atendendo à condescendência porque sou um verdadeiro
democrata, apraz-me dizer que quem não gosta da comida que lhe dou, não come e
quem não se sente bem junto a mim, que zarpe.
Se se chama
democracia abafar os sentimentos de cada um dentro do seu próprio espaço, então
mudemos de faceta, pois já não sei o que é ser livre no meio deste Nzingalis*
(?).
Não devemos
meter a cabeça de baixo da areia e fazer de conta que não é nada, pois pela
proporção que as coisas estão a tomar, qualquer dia somos sodomizados.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra
*Nome de um utópico “país”
triangular,
compreendido entre
Lisboa-Sintra-Cascais,
reivindicação feita por meia
dúzia de "mabecos".
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