A DISCÓRDIA
Para criar inimigos não é necessário
fazer guerra, basta dizer o que se pensa.
(Martin Luther King)
A DISCÓRDIA
(destilação)
Naturalmente
que é humano cometer-se um erro, porque a vastidão do conhecimento e a
diversidade de pontos de vista que o constituem a isso pode levar; porém, não
reconhecer o erro cometido ou voltar a realizar o mesmo ou análogo, já do
domínio da idiotice.
E quando
a burrice já é uma burrice já fermentada por uma vaidade sem alicerces, por
vezes dá origem a tremendas batalhas campais, com prejuízos entre os contendores;
isto só acontece, porque um deles manifesta o que pensa, o outro não gosta de
ouvir, e, do alto da sua fantasiada alcândora, com o discernimento assente em
tábuas podres de doentio caciquismo se põe a uivar, criando uma situação de
hostilidade entre ambos, quiçá desnecessária.
A
auto-entronização é uma maleita que, troteando como um cavalo sem freio, vem
dominado as mentes mais flácidas da sociedade em que vivemos, onde a probidade
é dúbia e a “consciência” está repleta de enfermidades, o material necessário
para concepção e consequente despoletamento da inimizade.
Quando
o indivíduo confina a visão periférica do seu pensamento a um horizonte
limitado por duas “palas de couro”, fica sem capacitância para armazenar, moer
e diluir lentamente os grãos da verdade que lhe são expostos, e deste modo é
levado a reagir intempestivamente, muitas vezes sem razão. Assim se cria um
inimigo.
Restringir
ou deturpar a verdade é apanágio dos fracos, porque teimam em não quererem
entendê-la, para ilusoriamente se sentirem “livres” à revelia das suas condicionantes;
se alguém lhes aponta o dedo expondo o desacerto em que vivem, inflamam
repentinamente a pólvora da discórdia.
Caboucar
no filão onde a dignidade não existe, é o caminho certo para a divergência sem
declaração de guerra, porque a fraqueza de espírito não admite correcções,
por muita realidade que elas consigam incluir.
Martin
Luther King estava certo.
Para criar a discórdia, basta dizer o
que pensamos.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
7/10/2014
www.antoniofsilva@blogspot.com
Comentários
Enviar um comentário