COMEÇOU A LENGALENGA
"A política... há muito tempo deixou de
ser
ciência do bom governo e, em vez disso,
tornou-se
arte da conquista e da conservação do
poder."
(Luciano Bianciardi)
COMEÇOU A
CANTILENA
Apanhar
estrelas onde elas não existem, são fugazes consequências de um sonho.
Acreditar sempre na fatigante e fastidiosa lengalenga usada por aqueles que se
batem a um cargo político, já é sequela de extrema burrice.
Começaram as
rémoras e ciclóstomos a encetar o seu doce cantarolar de sereia, previamente
afinado e depois lançado às massas como se fosse de improviso, por enquanto
assistido por pachorrento saracoteado, resultado também de acauteladas composições
nas partituras ideológicas e de acordo as conveniências pessoais.
Versejam sobre
os verdejantes espaços – estamos na Primavera – das nossas regiões, que somente
são arranjados e asseados nos centros, remanescendo um indignificante bordado
de porcaria nas cercanias, em sinal de valoroso elogio às ramelas que obstruem
os lúzios dos dirigentes; empolam os investimentos exógenos ou endógenos das
nossas áreas autárquicas, como se tivessem sido eles os investidores; versam
também com carpida mas fingida tristeza, a miséria dos mais desfavorecidos, que
de ano para ano cada vez é maior o seu número, porque Portugal está a envelhecer
a genética substitutiva está a baixar. Os putos, os desgastados e os pobres –
do juízo também – fazem realmente parte da nossa tão badalada proximidade que
peca pela inegável ineficácia, porque muitos de nós e eles (dirigentes) passamos
com tangencial indiferença por esse leque de desprotegidos e fazem visão
pastosa – já todos estamos psico-adaptados ao infortúnio.
Não existe em
lado algum, uma rede coesa que lhes possa valer… e jamais haverá. O resto, como
costuma dizer-se, é trinta e um de boca.
Falam de
conhecimento e inovação e eu vejo tudo cada vez na mesma, onde a verdadeira intelectualidade
não dá sinais de si através de atitudes nobres e sensatas e a ortodoxia fortemente se manifesta por uma
real paragem do tão apregoado conhecimento, que tem muito que se lhe diga, porque este decorre da relação entre o ser
e o existir.
São tudo
palavras de graciosa lavragem; contudo, não passam disso, porque não traduzem o
verdadeiro sentimento de quem as arenga – pelo menos é isso que até agora tem
sido evidenciado. São verbações direccionadas ao enchimento balofo dos buracos
discursivos – já que para os outros não há alcatrão – e imprimem uma tonalidade
suavisadora e ao mesmo tempo convincente à prédica, que entra no sentimento do
Zé Pagode e lhe transtorna ou limita o filão da razoabilidade.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra
25/04/2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu
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