CAFÉ SEM AÇÚCAR (Novas Oportunidades)
CAFÉ SEM
AÇÚCAR
(Novas Oportunidades)
Aqui há uns
tempos…
- Então,
rapaz, o que é que tens feito durante estes tempos em que não nos temos visto?
Perguntei eu, a um amigo com quem não contactava talvez há mais de um ano.
- Olha, cá bou andando a coçá-los; agora
também ando a tirar o 9º ano, atrabés daquela coisa qu’ é as nobas
oportunidades. Bieram ter comigo e eu foi.
E tu achas-te
com capacidade para isso? Perguntei.
- Num sei, o que sei é que eles pago-me p’ra
isso; mas põe-me lá uns númaros pu riba dos oitros que eu num cumprendo nada
daquilo. E rindo com acentuada malícia, ainda acrescenta:
- Eu mal sei cuntar até dez!?
Este diminuto
fragmento de um longo diálogo, que se manteve durante umas horas alimentado com
matéria diversificada, acompanhado com umas lascas de bom presunto e uma óptima
pinga à mistura, tem por finalidade impor uma certa aferição às palavras
verbadas por Passos Coelho, no que
concerne ao programa das Novas
Oportunidades.
Não sou pessoa
que vá muito com ele, mas que a ele assiste uma determinada razão, não deixa de
ser uma realidade, cuja sombra, talvez para muitos não seja vantajosa.
Claro está que
muito têm especulado sobre o conteúdo da sua verborreia, interpretando-o
literalmente por uma questão de interesse e não por desconhecimento do fundamento
que séria e implicitamente o caracteriza. Não duvido que seja do conhecimento
geral, excluindo os irreflectidos e os interesseiros na tesourada, que a
maioria dos “estudantes” afectos a esse programa, entrou lá a saber dizer tá-tá
e saíu a saber dizer tótó. Nada mais. Nada mais, não é bem assim, porque na
realidade mudaram as vogais da prosa sem alterarem as consoantes e o solfejo
musical da mesma, o que pode considerar-se, à luz mortiça e gemada da
ignorância construída sobre um monte barrento de ostentação sem fundações, uma
já óptima cavacadela na nossa “clivagem científica”.
Claro está,
que muitos deles, apesar de “diplomados”, continuam à espera de uma ocupação
rentável, tenebroso infortúnio que eu realmente eu lamento, mas lá vão coitados,
em nervosos desabafos de incontida indignação, derramando as suas lamúrias repletas
de sôcos na gramática portuguesa, que nem as Novas Oportunidades conseguiram – souberam - aplainar.
Nós sabemos
que houve muita coisa mal feita - e continua a haver – e foi passando em
branco, apesar de estarmos tecnicamente falidos mas não oficialmente
hipotecados. Actualmente as coisas fiam mais fino, porque não vejo que sejamos
donos do nosso próprio destino. As linhas com que cosemos a nossa governação são
importadas coercivamente pela implacável imposição de um Triunvirato a soldo do
grande capital.
“Empenharam-se”
de nos “oferecer” café bem açucarado e fiado; agora que se fartaram, somos
coagidos a beber café sem açúcar, e, qualquer dia, nem café teremos.
Por isso,
caros ledores e entendedores das minhas epístolas, a meu ver, as Novas Oportunidades, tal como foram
manuseadas, serviram presumivelmente para fazer inchar as contas bancárias a
uma minoria, perante transversalidade da oblação de umas migalhas a uma pluralidade
de ceguêtas. Nas entrelinhas, sob uma interpretação directa e a frio, foi isto
que Passos Coelho teve por intenção
exprimir.
Finalmente,
por causa desta e de muitas outras coisas mal concebidas, mal administradas e
mal fiscalizadas, cá nos encontramos a nosso contra gosto, a beber café sem açúcar. E vá lá, vá lá!?
O que não
sabemos, é até quando!...
António
Figueiredo e Silva
Coimbra
OBS: Ainda
não estou em conformidade
com o acordo luso-brasileiro.
17/05/2012
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