DEVIAM VER...
DEVIAM VER…
(a porcaria
que fizeram)
No nosso
cosmos social existem matacões donde emanam “sentenças” particulares, que, por relação,
me fazem lembrar a já carcomida piada do amigo que estava a ajudar outro a
estacionar o carro:
- Anda, anda,
anda, anda… Puuum! Anda, anda cá ver a merda que fizeste.
Claro que esta
laracha, não tem, como é evidente, nada a ver com qualquer veículo, mas
simplesmente com o famoso revolvimento abrilesco, cujo objectivo seria – e digo
muito bem – o caminho para a democracia, com um aplainamento da igualdade,
criação de oportunidades e legislação mais justa, porém intransigente na sua
aplicação. Foi isto que foi apregoado aos quatro ventos através de dissertações
imbuídas de patriotismo populista e ambicioso, que não tem nada a ver com
aquele que realmente emana do peito de um verdadeiro patriota.
Lamentavelmente
nada disto veio a acontecer. São factos que podem ser certificados sem termos
de recorrer a uma cultura altamente “limada”.
No entanto,
este acontecimento é anualmente festejado como se Deus tivesse descido do Céu à
terra para ver uma cambada de néscios, que mesmo com as tarraxas a
esborrachar-lhes a carne, ainda sentem fôlego e alegria para dar entusiásticas
ovações ao dia, e consequentemente àqueles que deram azo ao memorável - para
mim pela negativa - acontecimento. Alguns dos arquitectos, pseudo-estrategas e
mestres, arguindo uma atitude contestativa, verbalizaram que iam tomar como forma
de protesto – espertos! – contra o governo vigente, a abstenção e muito boa, de
fazer a sua vomitiva aparição, no grande dia de festividade para uns e de
funestação para outros. Não senti a carência de nenhum deles e também faziam
falta tais comemorações, que no final festejaram o momento inicial das
fundações para os alicerces, sobre os quais foi executada a construção do
obelisco que demarcou o início da derrocada deste país.
Estes senhores, continuam a viver e a amealhar à custa
do tesouro público armados em senhores feudais e ainda rosnam com pútrida
altivez a arreganhar os dentes da ganância, como se tivessem sido em absoluto,
os pais de toda esta desordem. Penso que interesses sociais e financeiros a
isso os movem e não o amor à pátria que a todos foi insuflado.
Sei porém, que
não foram somente esses senhores amuados, que levaram este pequeno quadrilátero
onde nos encontramos a esta situação calamitosa, mas deram o indispensável e
colossal empurrão, para que tal pudesse vir a acontecer, não sem antes se
orientarem bem orientados. Desde então até hoje, houve muita gentinha que não soube
realmente governar esta barcaça, sem contudo abdicarem dos seus próprios
interesses e os agarrarem com mãos de ferro.
Alguns
grudaram de tal maneira aos tachos que já fazem parte da crosta pestilenta que
nos tem tentado e conseguido absorver o suor.
Os que ficaram
dentro da concha, ainda que não tivesse feito falta nenhuma a sua aparição,
deviam tê-la feito, para admirarem com a sua alegria biliar o resultado da
borrada que fizeram.
António
Figueiredo e Silva
www.antoniofigueiredo.pt.vu
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