A
PODA
(Carta
aberta à “PESTE GRISALHA”)
A nossa pátria está contaminada
pela já conhecida peste grisalha.
Carlos
Peixoto
Advogado e Deputado do PSD
(In:
Jornal I)
É…
a tão almejada campanha eleitoral avizinha-se, sendo por isso a época da poda –
da poda, disse eu; não subentendam
por isso, qualquer tipo de impropério ocasionado por imperfeição interpretativa
– às vezes a idade não perdoa – que vos possa aflorar erradamente ao pensamento.
Eu não vos dizia?! Não sei se recordam!?
Como eu perdoo mas não esqueço, faço questão de vos lembrar da carga
psicológica negativa que a frase acima exposta teve, a somar ao peso da nossa
idade afectada pela implacável velhice; do corpo, porque do cérebro, salvo
algumas excepções, ainda supera a de muitos miúdos que andam p’raí com a cabeça
cheia de brilhantina e nada mais, e keffiyeh
enrodilhado ao pescoço de garnizo, a mandar uns manientos bitaites armados em
doutos, mas que na realidade não passam de imprestáveis acéfalos.
Pois bem caros compinchas, digníssimos
elementos do nosso clube da velhada, a tal época da esfrança está a chegar e
não podemos de forma alguma, mercê da nossa experiência, deixar de dar umas
tesouradas no nosso pomar, por causa dos ramos que nada produzem, e
“desladroá-lo” – o que não presta corta-se ou esgaça-se – uma vez que as
árvores não conseguem fazê-lo por si sós.
Cabe-nos pois, com a nossa “débil” força
física, todavia com a robustez do nosso carácter - ainda que amparados por
alguém ou agarrados a uma bengala - conceder o nosso “infectado” contributo no
sentido da renovação do pomar deste nosso Portugal, cujas árvores têm dado carpos
que já são putrefactos de nascença e por cá continuam a chupar a seiva que
seria devida a frutos de melhor qualidade.
Velhinhos… apesar de poderdes acreditar
na existência de uma justiça Divina e que os acertos de contas poderão feitos
do outro lado, ainda não apareceu ninguém que se tivesse prontificado a
ceder-me um bem material neste mundo e a receber um cheque meu para pagamento
da dívida, a levantar numa entidade bancária do além.
Por isso, por uma questão de precaução, devemos
optar pela certeza e fazer como S. Tomé: “ver para crer”; é o mesmo que dizer
“cá se fazem, cá se pagam” – depois se verá… ou não se verá nada mesmo!?
Não podemos permitir que alguns “frutos”
putrefactos se mantenham nos ramos e pinguem a sua podridão sobre as nossas
cabeças que o manto de neve da experiência já cobriu, à custa de muita luta e
sacrifício.
Temos de demonstrar que estamos vivos e
satisfatoriamente activos, ainda que contra a vontade de alguns, e que também
somos criaturas com capacidade para aferir a balança da razão, se a podridão no
poder estiver a afectar o seu equilíbrio.
Vamos podar. O dia da poda será em 1 de
Outubro do corrente ano.
O meu apertado abraço à “VELHADA”,
distintos, prestáveis e corajosos elementos da “PESTE GRSISALHA”, que não se
têm esquivado no combate à putrefacção elitista, para que um futuro melhor,
ainda que curto, possa despontar no meio desta savana social onde as hienas do
poder nos querem comer vivos.
Já não auguro um futuro promissor para
nós, porque, como estamos “contaminados pela peste”, já estamos no fim da
linha, porém para os mais novos, que no momento estão a sofrer com os
resultados decorrentes desse apodrecimento; espero que essa podridão seja
extirpada até à última bactéria.
Agarrem nas tesouras da vossa
consciência e façam o trabalho limpo, deixando apenas para crescimento os ramos
que julgarem sãos, onde poderão brotar as gavinhas da razão, da justiça e do
respeito.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 19/08/2017
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